O teatro baiano perde uma de suas estrelas



É com pesar que informamos o falecimento da grande atriz Carmen Bittencourt, uma das fundadoras do Teatro Vila Velha. Carmen faleceu ontem (07/06), às 3h da manhã de falência múltipla dos órgãos, aos 94 anos de idade. O enterro foi realizado ontem mesmo, às 16h30, no cemitério Campo Santo. 


Carmen Bittencourt tem uma história de vida muito rica e importante para o teatro baiano. Juntamente com Carlos Petrovich, Echio Reis, Othon Bastos, Sônia Robatto, Tereza Sá e o diretor artístico João Augusto, ela interrompeu o curso da Escola de Teatro na UFBA, em 1959, três meses antes de se formar, por divergir da linha de ensinamento da Escola, e criou a Sociedade Teatro dos Novos.  


O intenso trabalho cultural do Teatro dos Novos levou o Governo do Estado a ceder, a título precário, um espaço no Passeio Público, atrás do Palácio da Aclamação para a construção da sua sede. Assim, em 1964, no dia 31 de julho, depois de uma maratona em busca de financiamentos para aquele arrojado projeto junto aos Governos Estadual e Municipal, empresários e toda a sociedade baiana - muitos bingos e livros de ouro depois - finalmente é inaugurado o Teatro Vila Velha.


Carmen teve papel fundamental no grupo, cuidando da sua administração e do registro de suas ações. Hoje, boa parte do acervo documental que constitui o Nós por exemplo – Centro de Documentação e Memória do Teatro Vila Velha é fruto de sua organização e dedicação ao Vila.


Além do Teatro dos Novos, Carmen trabalhou na seguradora Aliança da Bahia e também como assessora do Provedor José Vicente Tourinho na Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim, onde se aposentou em 1980.  


Em sua trajetória artística, Carmen atuou em espetáculos como Almanjarra (1957), Auto do Nascimento (1959), O Beijo no Asfalto (1961), Eles Não Usam Blequetai (1964), Estórias de Gil Vicente (1966), A Morte de Quincas Berro D’Água (1972), A Casa de Bernarda Alba (1973), Branca de Neve e os 7 Anões (1973) e Salvador em Salvador (2003/04). Também atuou nos seguintes filmes: Moleques de Rua, direção de Álvaro Guimarães (1963) e Entre o amor e o Cangaço, direção de Aurélio Teixeira (1965).


Em 1973 recebeu o Título de “MELHOR ATRIZ” pelo conjunto de seu trabalho. A maioria das peças foi dirigida por João Augusto, mas muitas outras tiveram a direção de Échio Reis, Haroldo Cardoso, Othon Bastos, Manoel Lopes, Mecena Sales, Péricles Cunha, Petrovich.


Mario Gusmão, Sonia Robatto, Carmen Bittencourt (centro) e Echio Reis em 
ELES NÃO USAM BLEQUETAI (1964) 

Fotos: Acervo do Vila

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