Nova dança no Vila



Brincando com a idéia do "corpo-plástico-objeto-coisa", o grupo CoMteMpu's estréia nesta sexta-feira seu novo trabalho: (semi)novissíssimos, ainda sem nome, integrando o nosso projeto O QUE CABE NESTE PALCO. O espetáculo apresenta imagens que se referem à estética do grotesco e ao homem-máquina, criando uma dança crítica e irônica, usando e abusando de ícones da cultura de massa.

A proposta do Grupo CoMteMpu’s em (semi)novissíssimos, ainda sem nome é discutir as relações movediças de poder, trazendo a cena um corpo que se exibe, manipula e se permite a manipulação, que perde a forma e aparenta um orgulho decadente, apresentando o que os intérpretes-criadores chamam de "dança frouxa". Os artistas têm como ponto de partida a força dos meios de comunicação, em especial a televisão, adquiriram nos últimos anos enquanto difusores de imagens e modos de vida. O fenômeno da cultura de massa se encheu de plasticidade e adereços, para atrair e disseminar ícones. Corpos fantásticos, agora cheios de brilho e poder, veiculados pelas mídias de massa, inscrevem novos conceitos para os corpos compartilhadores dessa cultura de consumo instantâneo, comenta o diretor geral da montagem, o dançarino Sérgio Andrade.

A coreografia se desenvolve num ambiente em que se permite a desordem e onde o jogo de manipulações se faz presente nas relações entre os corpos inseridos na dança. De acordo com Andrade, os corpos-plásticos são carregados como objetos e apresentam uma partitura coreográfica esgarçada. Em cena, "Os Zezas" -como o grupo se refere aos dançarinos em sua interpretação de aparência "abobalhada" - ditam palavras de ordem ou comando sugerindo sentidos [ir]reais paras formas retorcidas do corpo, e ou simplesmente ação para cena. Esta é uma das estratégias do grupo para evidenciar a discussão sobre as relações de poder em cena.

O espetáculo foi concebido coletivamente, a partir da experiência de cada integrante do grupo com relação às distorções do valor dos corpos e dos objetos através das imagens midiáticas. Os processos autobiográficos vivenciados trouxeram para obra citações de objetos-imagem que recorrem ao cenário da década de oitenta, época em que os co-criadores viveram parte sua infância. Outras épocas também vêm à cena em referências que misturam temporalidades e fazem analogias e/ou transgressões com relação aos ícones que constituíram a formação desses corpos. O plástico, a propaganda, a moda e todo esse ambiente regido por aparências/imagens foram mote para a criação de metáforas, arremata o diretor.

As apresentações acontecem de sexta a domingo, 20h.
Ingressos: R$ 10 / 5

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