Cobertura do Palco Aberto "Igualdade Racial e Democracia"

Texto e fotos: Laís Andrade 

 
 
Rosimeire dos Santos e Dona Olinda Souza de Olivieira

Na última segunda-feira, dia 18 de julho, aconteceu mais uma edição do “Palco Aberto”, que teve como tema  "Igualdade Racial e Democracia". O projeto criado pelo Teatro Vila Velha acontece às segundas-feiras e propõe debater a situação do Brasil.

Ângela Guimarães, presidente nacional da União de Negros pela Democracia, começou agradecendo ao Teatro pelo projeto: "Um espaço que contribuiu muito na minha formação como militante do movimento negro, não só pelas peças do Bando de Teatro Olodum com temáticas muito importantes na minha trajetória, mas também pelos espaços de debate". Ângela falou sobre o racismo e a falta de representatividade na nos meios de comunicação e pontuou grandes conquistas alcançadas do processo de redemocratização para cá. Entre elas a criminalização do racismo, a promoção de uma política de cotas nas universidades e no serviço público, a criação de um ministério responsável pela formação das políticas de igualdade racial, a regularização de comunidades quilombolas.

Grupo Ilê Aiyê foi um dos convidados

Taquari, indígena pataxó, integrante do Núcleo de Estudantes Índigenas da UFBA, lamentou ser um "eco solitário" no evento e acrescentou que "nós, enquanto povos indígenas, não conhecemos a democracia". Comentou a situação do indígena no Brasil, o alcoolismo, a opressão institucional, o processo de demarcação de terras e as políticas de ações afirmativas nas universidades.

Rosimeire dos Santos e Dona Olinda Souza de Olivieira denunciaram a situação do Quilombo Rio dos Macacos, onde casos de assassinatos, estupro e outras formas de violência e opressão acontecem há mais de 40 anos, segundo as quilombolas. A comunidade fica na cidade de Simões Filho próxima a uma base da Marinha, na chamada "área de segurança". Por conta dessa proximidade, embora a área já tenha sido demarcada, a entrada e saída de pessoas ainda é controlada pela base. Rosimeire, durante o Palco Aberto, afirmou que só desejam sua "Carta de Alforria", metáfora utilizada para representar a liberdade almejada pela comunidade que só será conquistada com a titulação da área e abertura de estradas.

O coordenador do Movimento Negro Unificado (MNU), Ivonei Pires, chamou atenção para a necessidade de construção de um projeto político do povo negro para o Brasil. Moisés Rocha se debruçou sobre os dados de representatividade política no Brasil e comentou aspectos e estratégias sutis do racismo no Brasil. A Secretária Estadual de Políticas para as Mulheres da Bahia, Olívia Santana, discutiu a falta de negros em espaços de poder, o machismo dentro do movimento negro e fez um apelo: "temos que parar de deslegitimar os nossos".

Entre as falas dos convidados aconteceram apresentações musicais do Ilê Aiyê, além de poemas e contos interpretados por artistas do Bando de Teatro Olodum, como o texto "Ancestralidade na Alma", de Cristiane Sobral, recitado por Merry Batista, e a história de Omolu, pela atriz Cassia Valle. Assim como nas edições anteriores, o microfone permaneceu aberto ao final do debate para que as pessoas do público pudessem se expressar. A próxima edição do Palco Aberto acontece no dia 25/07 com o tema “Novas Formas de Atuação Política”, às 19h, no Teatro Vila Velha. O evento é gratuito e aberto ao público.

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