A conferência reflete a relação do homem com a cidade



A Conferência, espetáculo do diretor Luis Alonso explora com crítica humorada a relação do homem com a cidade em que vive. Ainda que a cidade seja uma obra do ser humano, ela também faz o homem. De acordo com o seu espaço geográfico, língua, cultura, local, etc. o indivíduo se adequa àquele meio e também o transforma.

Desta forma, se você não entende francês ou inglês, talvez desejasse sabe-los falar. O diretor se utiliza de outros idiomas para reforçar seu argumento e a relação do homem com a cidade em que vive ou foge. Da cultura deixada pra trás ou a almejada. Por outro lado, torna-se desnecessário tal conhecimento quando o corpo e entonação dizem tudo.

A peça é repleta de cenas marcantes e ousadia é a sua marca. Objetos cênicos inesperados são desconstruídos e inseridos em outro contexto para trazer uma linguagem lúdica ao discurso. Seu palco foge ao modelo italiano e acaba ficando no meio da plateia, trazendo grande dinamismo à cena. O grande destaque, porém, fica por conta do trabalho vocal impecável. Tons femininos e masculinos conversam entre si e se tornam um coro harmonioso e superafinado. O ponto mais delicado da peça, talvez, seja o seu tempo de duração de 1h e 50 minutos. Onde faz-se necessário um intervalo.

Esta é uma peça com constantes quebras de expectativas e que você nunca pode esperar que termine como você imagina. Sua sincronia e movimentos coreografados mostram o trabalho do elenco feito com afinco. Porém, quando você vier assistir a peça, aconselho a deixar uma melancia bem vermelha gelando em casa. Tenho certeza que quando terminar de assistir desejará apreciar esta deliciosa fruta enquanto reflete sobre o espetáculo.

Texto de Laís Prado, da Universidade Livre de Teatro Vila Velha

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