Na cadência da Livre

A atriz Marcia Ribeiro fala da sua vivência no segundo dia de oficina de seleção para a Universidade Livre de Teatro Vila Velha

Respiração, ritmo, memória, melodia, compasso, interação, atenção, descoberta: sentimentos do experimento de hoje. A música como instrumento para o teatro. A dificuldade primeira foi comigo mesma, buscando um tempo interno, um ritmo próprio, o princípio de tudo. Precisei inicialmente ter uma 'base' firme, uma trilha definida. Mais do que o rebuscamento de batidas mais elaboradas, a busca da batida interna, cadenciada, foi o mais importante para mim. Uma vez isto definido, me permiti brincar e dialogar mais livremente. O ritmo das batidas estava interligado com a respiração. Não separei um do outro. Talvez tenha sido esta a minha dificuldade. A respiração me cadenciava. Não busquei a melodia, mas o tempo. Mas havia o outro, com ritmos diferentes, batidas diferentes. Foi preciso negociar... A falta de técnica dificultou também, rsss. Mas em determinado momento, senti que era preciso sentir mais, e contar (o tempo) menos. Estava todo momento marcando o tempo com os pés, para não me perder. Mas mesmo assim eu errava, rsss. Não acho que exista certo e errado na maneira de fazer o exercício. Apenas escolhi um caminho. Talvez por influência da dança, eu buscava as divisões no ritmo do outro. Estava buscando um ritmo, não um batuque harmônico. Na relação com o teatro, percebo claramente que o exercício com a música pode ser o espelho do que fazemos: ritmo, respiração, interação, memória...trabalhamos tudo isso em cena. Quando um grupo trabalha junto, ou mesmo um dupla, a harmonia tem que estar presente. É preciso encontrar a harmonia do conjunto. Eu senti que o grupo demorou a encontrar isso. Percebi a minha dificuldade, mas também da maioria. Demorou pra gente tocar uma "música" de verdade!

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