Vilavox: passado, presente e futuro


Mês de março passou, as águas ainda tão aí, e o Vilavox está a todo vapor. O grupo estreou um de seus projetos para o ano: “Leitura em Vox Alta”. A idéia é pôr em foco a dramaturgia brasileira, realizando leituras dramáticas seguidas de debates com a platéia e convidados acerca dos temas levantados pelas peças.

No dia 11, apresentou A Resistência, texto de Maria Adelaide Amaral, direção de Gordo Neto e contou com os artistas/jornalistas Jussilene Santana e Edson Rodrigues, além de alunos da faculdade da cidade. No dia 25, outro texto do chamado “teatro de resistência” (marcante na década de 70 em plena ditadura militar) dessa vez com a direção de Cláudio Machado, o texto escolhido foi Muro de Arrimo, de Carlos Queiroz Telles. E mais convidados especiais: Fernando Fulco no papel principal e um bate-papo com César Vieira (Adibal Pivetta) do Teatro União e Olho Vivo que falou um pouco sobre o trabalho de mais de 40 anos de seu grupo e distribuiu o livro de sua autoria que conta essa história: Em busca de um teatro popular.


Mas como “quem diz ‘sou’, não é”, deixemos que quem veio, fale sobre o que viu. Perguntamos: O que você acha da iniciativa do Grupo Vilavox, em realizar mensalmente leituras dramáticas de textos teatrais representativos da história do teatro Brasileiro (décadas de 40 a 80), seguidas de discussão, sob as temáticas abordadas nos textos? E responderam:


“Acho ótimo, por que é importante esse resgate da dramaturgia nacional para a classe artística e publico em geral. Essas leituras prestam um serviço importante, na medida em que proporcionam que o público conheça o trabalho anterior do ator, pela busca de referências, além de propiciar uma discussão a cerca da temática do texto com o público.” Talis Castro (BA), Ator e produtor Cultural.



“Acho que conversas, debates, discussões sobre teatro são sempre bem vindas, principalmente quando acompanhadas do produto em si (cena teatral), isso faz juntar teoria e prática, coisa que fora da Escola de Teatro acontece muito pouco.”Jacyan Castilho (RJ), Atriz, Diretora e Profª. Drª. da Escola de Teatro da UFBA.



“Não é comum em Salvador esse tipo de leitura, leitura de textos dramáticos, seguida de discussões temáticas. É muito importante essa vertente literária, a questão política então, é muito pertinente, pois não retrata a resistência de uma época, anos 60 e 70, e sim expressa as lutas cotidianas atuais. Lutamos hoje por igualdade de gênero, por melhores condições de vida e trabalho, pela igualdade racial, pela não homofobia e tantas outras lutas, que mesmo isoladas resistem. E juntar essas duas coisas é muito bom, porque nos leva a refletir sobre as temáticas no coletivo. É sempre válido esse tipo de iniciativa.” Sâmara Rocha (BA), Graduanda em artes Cênicas da UFBA.



“Acho interessante, é uma forma de aproximar o público do VILAVOX e do teatro. Em peças nós vemos o trabalho do ator, mas não temos a oportunidade de interagir com a pessoa além do artista. Acho o projeto bacana pela possibilidade de interação com o elenco e por estar participando dessa etapa de construção do Grupo.” Letícia Chaves (PE), Psicóloga.


“Eu acho importante por que são textos que não tivemos muito acesso. Só quem tem mais de 50 anos de idade conhece esses textos, Asdrúbal, Teatro União e Olho Vivo, Sebastião Magali...O bacana é que esses textos sejam rediscutidos. Acho louvável e importante a iniciativa, esse relembrar de textos do final dos anos 60 e 70 e o reconhecimento desses autores, que tiveram a coragem de fazer esses textos apesar da absurda repressão da época. Isso faz com que não esqueçamos que essa época existiu, para nunca mais querermos tê-la de novo.” Fernando Fulco, (BA) Ator.



“Acho muito importante, por que essa tradução da nossa dramaturgia é pequena, é difícil o público normal ter acesso a essa seleção. A escolha e feita sobre o que o grupo considera importante e isso facilita ao espectador a compreender. Também é importante como exercício dramático, de ator, em todos os sentidos.” Luis Fernando Lobo (RJ), Diretor do Grupo de Teatro Ensaio Aberto.



“Acho interessante, por que faz um resgate da leitura artística, são textos antigos e é uma oportunidade para quem não conhece de ler esses textos. Os convidados são pertinentes por que trazem pontos de discussão sobre a dramaturgia do texto e sobre as temáticas ligadas a época.” Líria Morays (BA) ,Dançarina, Coreógrafa e Profª. de Dança.


“É de grande importância a leitura por que parte desses textos foram montados e fizeram sucesso, mais nunca mais foram revistos, é uma oportunidade para a classe teatral e o público conhecer essas obras. É um importante caminho para a recuperação da memória do teatro nacional, é trazer a público o conhecimento desses textos. Essa técnica nós também utilizamos no TUOV, sempre funcionou e tivemos uma resposta muito boa.” César Vieira (SP), Diretor do Grupo de Teatro União e Olho Vivo - TUOV.


Essa semana o grupo deu início ao seu próximo espetáculo: Labirintos, com direção de Patrick Campbell e estréia prevista para agosto. Pra antes disso o grupo promete ainda mais leituras, e uma surpresa para maio, aniversário do teatro e do grupo. Agora é só aguardar.


Comentários

  1. Fuqei muito triste por não poder ir assistir à vocês. Mas fico muito feliz pela iniciativa do VilaVox, que a cada dia ganha o meu reconhecimento e a minha admiração.
    Aqui em Alagoinhas, onde a Cia Nata atua, existe um projeto de leituras dramáticas que acontece há um ano e com isso estamos formando público e tornando acessível o contato com dramaturgias das mais diversas. O projeto não visa lucros e nem tem um grande apoio financeiro na cidade, mas está conquistando o seu espaço cada dia mais por aqui. Espero que um dia possamos trazer o grupo de vcs para ler por aqui(se for do interesse de vcs tb). Ficaríamos honrados. O módulo V de interpretação teatral da UFBA veio ler Medéia no ano passado.
    Parabéns! Sucesso! E continuem encantando, discutindo e fomentando a arte no nosso estado.

    Abraços,
    Daniel Arcades

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