Um teatro da guerra e do exílio (Por Que Hécuba)



Por Clara Romariz

O livro Theater of War and Exile: Twelve Playwrights, Directors and Performers from Eastern Europe and Israel, de Domnica Radulescu, lançado em 2015, mostra uma perspectiva do teatro surgido do trauma político em locais de violência e exílio. Uma das peças abordadas no livro é Por Que Hécuba. Além de tratar do texto de Matei Visniec, fala sobre a montagem de Márcio Meirelles, realizada em 2014 com a universidade LIVRE do Teatro Vila Velha e Chica Carelli. 

A peça é uma adaptação da tragédia grega Hécuba, de Eurípedes, realizada pelo romeno, que se exilou na França em razão da ditadura vigente no seu país. O livro de Radulescu comprova a contemporaneidade do texto, que pode ser facilmente transponível tanto para o Japão quanto para a Romênia ou o Brasil. A autora traz a temática do feminino e da maternidade, imprescindível para a tragédia, que põe em cena uma mãe que, depois de perder seus 19 filhos na guerra de Tróia, é transformada em cadela pelos deuses do Olimpo. No prólogo de Por Que Hécuba, Matei diz:

"A dor de Hécuba é a dor universal das mães que dão luz à carne para canhão, meninos destinados a morrer cedo, crianças que se tornam, aos dez anos, crianças-soldado, garotos que, aos dezesseis anos, já são fanatizados, mas ao mesmo tempo fascinados pela guerra, jovens que, aos dezenove anos, já são veteranos e verdadeiros guerreiros experientes."

Além de transportar o texto para o mundo atual, Visniec traz elementos da tragédia como o coro, a elevada poesia das palavras e a presença dos Deuses e mortais se contrapondo. A peça será remontada em agosto de 2018 com direção de Márcio Meirelles, o Teatro dos Novos e atores convidados.

Uma prévia do livro pode ser lida aqui:

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