c.o.r.r.e.s.p.o.n.d.ê.n.c.i.a

Olá!

Acho uma boa iniciativa dos Teatros, Vila Velha e XVIII, em fomentar a reflexão sobre os dirigentes das casas de espetàculo da cidade. Não somente pensar as polìticas culturais direcionadas para esse pùblico, mas também resultar em uma ponte eficiente entre sociedade e cultura.

Apesar de não estar morando atualmente no Brasil, estou atenta ao movimento artístico de Salvador.

Nasci muito perto do teatro. O meu pai, Leonel Nunes, foi um grande ativista nos 60s e 70s. Com três ou quatro anos, ia sempre aos ensaios das peças, dirigidas por ele ou produzidas pela Companhia Baiana de Comédias, CBC. Produções grandes no Teatro Castro Alves, com uma turma de peso, Soniamara Garcia, Fernando Neves, Reinaldo Nunes, Jurema Penna, Lucinha Mascarenhas, Lia Robatto, Harildo Deda, Hebe Alves a turma do Teatro Gamboa, com Eduardo Cabùs e aquela graça de pessoa, alma pura, excelente maquiador, dançarino, cantor e ator e que infelizmente também não está mais com a gente, o pessoal do Teatro dos Novos... Eu sempre estava entre o cenário ou prestando atenção àquelas pessoas que estavam vivendo aquela realidade no palco.


Era como se me sentisse parte daquela família de apaixonados que fretavam ônibus e saiam apresentando o seu Teatro Mambembe, com caixas, adereços, figurinos e bonecos (que me serviam de cama durante as viagens). Enfim, polìticas de lado, eles se respeitavam mutuamente e faziam acontecer um movimento que perpassava em todas as manifestações artìsticas.

Sou filha de um casal que viveu a ditadura, na época dura. De uma mãe, Corinta, que era nutricionista e escrevia poemas. Que sentava-se sozinha em um bar, no Terreiro de Jesus, e tomava a sua cerveja, tranquila. De um pai que nunca se calou face aos seus ideais de conquista. Fui criada em meio a uma efervecência frenética conseqüente de um espìrito de rebeldia que brotava no mundo...

A produção cultural, meus caros, era ativa!

O meu primeiro emprego, aos 15 anos, 1983, foi como estagiària de administração, pela Fundação Cultural, no Teatro Vila Velha, tendo como diretora Sandra Berenger. Desde os 13, freqüentava o TVV e fazia parte do grupo de Echio Reyes. Daì, minha vida foi caminhando entre teatro, dança e comunicação.


Hey! Isso não é um currìculo, não! é um desabafo!

Aquela imagem do empenho de todos por uma mesma causa, dos debates, das discussões, das brigas, das paixões, dos "bitoques", do suor, dos aplausos e dos olhares em êxtase a cada final de espetàculo, estarão guardadas para sempre como exemplo e referência de vida para mim. A velha guarda do teatro baiano, estou certa, ainda tem muito a dizer.

Eu sei, não é saudosismo, tampouco! é a vontade em querer ver a união por um objetivo comum, sem interesses medidos ou pré-julgamentos para não caìrmos em situação de relações utilitàrias pela nossa cultura!

Esse final, quero aplaudir de pé!.... pedindo bis!

Andresa Nunes

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