Universidade Livre de Teatro Vila Velha compartilha primeiro experimento


Foto: João Milet Meirelles
Testando as possibilidades da construção do discurso e do processo de montagem de Frankenstein, a Livre apresenta ao público baiano suas propostas de criação e formação em artes cênicas 

Por Arlon Souza

Foto: João Milet Meirelles
“Todo dia, o mundo velho morre e nasce outro.” (fragmento de Frankenstein – Experimento 1)

Frankenstein – Experimento 1, título do trabalho apresentado na última quinta-feira, 04/04, expôs seus embriões, na sala principal do Teatro Vila Velha, por meio de relatos, projeções audiovisuais, da leitura e interpretação do romance gótico de Mary Shelley, além das obras “Indignai-vos”, do escritor franco-alemão Stéphane Hessel (1917-2013), “Vidas Desperdiçadas”, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, e “Rumo ao Abismo?”, do filósofo francês Edgar Morin. 

Foto: João Milet Meirelles
Idealizada pelo diretor  teatral Marcio Meirelles, a Livre abriu um espaço performativo, durante a exposição do experimento, onde exercícios físicos e vocais, conduzidos por Bertho Filho, se instalaram à cena desde a entrada do público.    Nessa atmosfera, Gina Leite, coordenadora geral do Vila, Pedro Jatobá, consultor de produção colaborativa e economia criativa em redes digitais, Bertho Filho e Martin Domecq, orientadores de projetos de direção, Hayaldo Copque, orientador de dramaturgia, e os próprios participantes dissecaram a concepção e as idéias da Universidade, convocando a platéia a construir e pensar juntos. 

Foto: João Milet Meirelles
“Todo o meu corpo é uma ferida de prazer.” (fragmento)

Em semi-arena e no mesmo plano dos espectadores, o experimento também criou um ambiente intimista e instigante, para a discussão da linguagem e da encenação de “Frankenstein”. Esboços de personagens começaram a se delinear, estabelecendo um confronto poético entre criadores e criaturas e trazendo à tona reflexões sobre jogos de poder, alteridade, identidade, máscaras e papéis sociais, entre outras inquietações.  
Cores neutras, como branco, bege e preto, estampavam o figurino do grupo, que incorporou também luvas, máscaras, toucas e jalecos hospitalares, metaforizando este universo de cientistas e cobaias, em que os indivíduos se experimentam em outros corpos. De microfones espalhados pelo espaço, os intérpretes davam indicações sobre o texto e narravam trechos do romance. O tango, a música clássica, o bolero e outras sonoridades imprimiam o tom trágico à performance. E desse lugar eles  questionavam sua própria prática. 

Foto: João Milet Meirelles
“Eu estou achando que essa Universidade Livre começou com esse teatro. Esse teatro que vocês estão fazendo também começou com o nosso grupo, com a Sociedade Teatro dos Novos. A alma continua a mesma”, comparou a atriz e escritora Sônia Robatto, uma das fundadoras do Teatro Vila Velha. 

A perspectiva é de uma formação que aprofunda a consciência sobre o que constitui um artista de teatro, a partir de um contexto de autonomia criativa, multidisciplinar, colaborativo e conectado às diversas engrenagens de gestão administrativa, técnica e operacional do teatro. 


“Qual é o teatro que nos representa? Pra quê a gente faz teatro é a grande questão que a gente tem. É importante ter coragem de se lançar no abismo”, provoca Marcio Meirelles. 


(Nesta última foto, a atriz Neyde Moura, a jornalista e professora Silvana Moura e o dramaturgo e professor Sérgio Rivero)


Comentários

  1. Wesley Guimarães9/4/13 19:36

    Menor de Idade pode fazer também ?

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  2. Olá, apenas maiores de 18 anos podem se inscrever.

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