Hoje ele foi embora. Provocou o mesmo rebuliço que no momento de sua chegada. À sua volta, diversos homens fortes aos berros, levando-o quase acima de suas cabeças. Era preciso arrumar uma posição confortável para sua viagem. A viagem é curta, é verdade, mas todo cuidado é pouco com sua tamanha fragilidade. Impossível não prestar atenção à sua partida: carros parados numa rua estreita, vizinhos a observar. Ele veio, fez sua participação e agora se foi, apesar do nosso desejo de que ficasse. Se bem que não tínhamos nem como acomodá-lo em nossas instalações. Ele tinha mesmo que retornar à sua morada, mesmo que lá não existam as melhores condições para que se mantenha bem cuidado e passe maior parte do tempo calado. Aqui ele foi bastante ouvido, mesmo nas horas vagas. Não faltaram mãos habilidosas para tocá-lo. O tempo em que permaneceu por aqui foi bastante apreciado. Mas agora ele, o piano de cauda, partiu.

Juliana Protásio

Comentários

Postagens mais visitadas