Sobre um encontro de trabalho, empatia, alteridade e identidade



na Universidade Livre de Teatro Vila Velha 

(Sala Mário Gusmão - 24-05-2023).

                                                     Por Arlon Souza

 

Em processo de investigação para a construção do experimento cênico “Identidades Afro-Brasileiras”, a turma 2023.1 da Universidade Livre de Teatro Vila Velha vem discutindo e refletindo sobre o tema a partir de percepções e entedimentos sobre alteridade, empatia, tolerância, afeto, respeito, singularidade, entre outros conceitos possíveis de abordagem e debate. 

 

Já nessa etapa bem inicial, nota-se nessa composição do texto uma cíclica que converge nas representações do que entendemos por alteridade e empatia, o que talvez sejam a essência para chave dessa descoberta identitária. Assimilar com mais proximidade esse lugar do outro. Já sinalizando o grupo que a parte não substitui o todo nem o universal as singularidades, dentro desse fluxo histórico e colonial de apagamento de tantas culturas e identidades.     

 

Nesse diálogo, o encenador Marcio Meirelles insere a citação da obra “O Eu Soberano: ensaio sobre as derivas identitárias”, da historiadora e psicanalista francesa Élisabeth Roudinesco, que propõe  pensar sobre essas relações e formas de emanciapção identitária que, muitas vezes, tem  resultado em isolamentos de suas lutas. Assim como o diretor traz referências do cinema e do desfecho da peça e do filme “Ó paí ó ”, de sua autoria, em que um policial mata duas crianças negras e pobres, moradoras do Pelourinho; denunciando uma estrutura desigual e sistêmica, onde oprimidos reproduzem a prática do opressor, apagando subjetividades. 

 

Coletivas, colaborativa, randômica e cumulativa, as primeiras experiências dessa escrita revindicam autonomia, liberdade, representações, protagonismo, lideranças, feminismo negro, reparação, consciência étnico-racial... Nesse contexto, a metáfora e a simbologia do mar como percurso de uma travessia que exige equilíbrio, direção, coerência, articulação, luta e aceitação. 

 

Nesse caminho, a orientação de um a leitura elaborada, porém ainda crua, para que a essência dessa palavra não se distorça: “Nós não lemos o texto, nós falamos o texto para alguém, elaboramos o texto para que ele saia como ele realmente é... Levamos uma mensagem, um pensamento para alguém”, enfatiza Marcio Meirelles. 

 

O sentido de pertecimento está no radar desse processo. “Os outros somos também nós”, observa Meirelles. Nesse lugar, uma faceta da identidade é pensar como você se identifica no universo. Buscar o apoio de quem realmente te entenda e aceite o seu eu como você é.  

 

Em meio às leituras, frases como: “Na memória, trago ancestralidade, mas também força”; “Como confiar nessa identidade que não me cabe”; Identidade é como nos vemos, como nos sentimos, no que está impresso na minha pele, na minha carne”; “Me adequar às expectativas não é identidade”... 

 

Na roda de leitura, o texto se redimensiona, encontra conexões, entrelaces... Meirelles provoca o grupo nessa costura dramatúrgica e a pensar como essa hierarquia se constrói, formando o diálogo, a poética. o discurso. 

 

Aqui, apenas um ensaio sobre a perspectiva desse encontro. Uma espécie de memorial.



*Arlon é ator e jornalista que acumula experiências em diversas emissoras e no cenário artístico-cultural. 


🍀A ação compõe o Pé de Feijão – Arte e Educação, projeto contemplado pelo Edital Transformando Energia em Cultura - Neoenergia, por meio da Lei Fazcultura – Governo do Estado da Bahia

 

💚O Pé de Feijão – Arte e Educação é um projeto que une educação e ações de acessibilidade às artes para a formação de crianças e jovens de Salvador, na Bahia.

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