Um teatro do mundo

O Teatro Vila Velha é lugar de encontros. Daqui, a todo o tempo, a cultura da Bahia se conecta ao mundo, e a produção de outros territórios encontram solo fértil para que floresçam e criem vínculos com novas ideias, estéticas e outras realidades. Apenas nestes meses de março e abril, uma série de conexões vem sendo estabelecidas, colocando o Vila no mundo e o mundo no Vila!

Santiago Roldós
, diretor e fundador da companhia Muégano Teatro, acaba de voltar ao Equador após trabalhar com a Universidade LIVRE do Teatro Vila Velha sobre dramaturgia. Com a orientação de Roldós, os atores experimentaram a escrita e colocaram em cena fragmentos dramatúrgicos construídos individualmente. "Aqui encontrei uma grande abertura e muita disposição", conta Santiago, que leva os textos para trabalhar em uma dramaturgia única. "Levo esse material ao Equador, dou a ele uma forma e devolvo para que os atores conheçam e criem propostas. Então, provavelmente em agosto, volto a Salvador para que a discussão seja feita na prática, com eles. Para a encenação", explica.



Roldós e integrantes da LIVRE assistem a uma das cenas criadas no Teatro Vila Velha

Enquanto isso, a diretora teatral Chica Carelli representa o Teatro Vila Velha em Portugal, no projeto de teatro lusófono K Cena. Carelli trabalha com jovens atores portugueses, na cidade de Viseu, acompanhada dos diretores João Branco, de Cabo Verde, e Graeme Pulleyn, de Portugal.
"Quando chegamos aqui em Portugal, a gente não sabia o que iria fazer, nem como iria fazer, já que éramos três encenadores, mas as coisas foram se encaixando de uma maneira muito legal", conta Chica. Juntos, eles escolheram dirigir o espetáculo "A Grande Ressaca", a partir de texto do dramaturgo romeno Matéi Visniec, que permanece em cartaz no Teatro Viriato entre os dias 1 e 4 de abril. A escolha foi motivada pelo fato de o texto tratar da migração e da situação dos povos refugiados, tema urgente e muito atual. "Foi muito legal ver que o K Cena, aqui em Portugal, é um projeto referência para jovens. Eles ficam esperando o projeto acontecer e muitos que não puderam se inscrever por estar em outras cidades, envolvidos em outros compromissos, vieram acompanhar o processo de montagem". O K Cena, que já esteve no Teatro Vila Velha em outras três edições, é uma realização feita a partir de parceria entre o Vila, o Teatro Viriato e o Centro Cultural Português - Pólo do Mindelo (Cabo Verde).



Chica Carelli junto aos encenadores João Branco e Graeme Pulleyn no Teatro Viriato, Portugal

Quem retornou da Alemanha foi a coreógrafa Cristina Castro, diretora do Núcleo Viladança e do VIVADANÇA Festival Internacional. Em março, em Stuttgart, Cristina foi jurada do Solo Tanz, um dos mais importantes festivais de dança do mundo, que, nesta edição, reuniu solistas de países como Bélgica, Israel, Brasil, Egito, Canadá, Espanha e Holanda. "Nesse júri eu tive a honra de representar o Brasil e de estar ao lado de grandes nomes da dança mundial, entre eles o israelense Itzik Galili, considerado um dos coreógrafos mais geniais da atualidade, além de Marco Goecke, Samuel Wuersten e de Helena Waldmann, que foi a minha parceira em 2004, quando ganhamos o prêmio da UNESCO e fizemos juntas o espetáculo Headhunters", conta Cristina, que destacou alguns assuntos abordados pelos finalistas. "Estavam ali temas bem interessantes, como a preocupação com o terrorismo, a discussão sobre gênero, a inquietação que trazem as doenças da memória, do envelhecimento. Foram temas que me chamaram a atenção, além dos mais recorrentes, como a solidão, o estresse do mundo contemporâneo", diz.



Samuel Wuersten, Helena Waldmann, Sonia Santiago-Brückner, Marcelo Santos de Oliveira, Cristina Castro, Itzik Galili,Gudrun Haehnel e Marco Goecke no festival Solo Tanz, Alemanha

Aqui em Salvador, um outro intercâmbio envolve o Vila. O coreógrafo Rodrigo Garcia Alves, brasileiro radicado na Alemanha, desde a última semana desenvolve residência artística com atores da Universidade LIVRE do Teatro Vila Velha que vai resultar em uma montagem que estreia no VIVADANÇA Festival Internacional, em abril. "Esse foi um primeiro momento de entrosamento e treinamento físico. Na última sexta, encerramos a semana com uma caminhada coreográfica pelas ruas, para sentir a textura dos movimentos pela cidade", conta Rodrigo. A residência é realizada através de parceria entre o festival e o Goethe-Institut Salvador.



Integrantes da LIVRE em ensaio conduzido por Rodrigo Garcia Alves no Teatro Vila Velha

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