Carta proposta para formação de Associação de Críticos

Não temos o registro da data em que essa proposta foi feita, apenas sabemos que aconteceu no ano de 1960.
Eis a proposta:


SOCIEDADE TEATRO DOS NOVOS


Sendo V.S. uma das poucas pessoas dedicadas ao teatro em nossa terra, estando seu nome ligao a algumas realizações neste sentido nos animamos em escrever-lhe, certos de que contaremos com sua participação e com o entusiasmo que toda causa justa e necessária desperta e necessária desperta em pessoas como V.S.

Embora as atividades de nossa Sociedade possam ser, até hoje, modestas, de depouca envergadura, há muito saímos do terreno da tentativa ou da experiência duvidosa e insegura. Decidindo-nos a manter um grupo de teatro profissionalmente, com realizações permanentes e constantes, sentimos a necessidade de amior colaboração na conquista do público de teatro, inexistente em nossa cidade. No momento em que nos preparamos para dar a Salvador uma casa de espetáculo, lembramo-nos de V.S. cuja capacidade e prestígio podem tão bem servir, mais ainda e mais uma vez, o teatro em nossa terra.

Vamos nos apresentar regularmente (como temos feito até aqui, mas em condições mais favoráveis e em novo impulso) e tentar conquistar um público para o teatro. Sozinhos conseguiremos muito pouco. Se não existe público sem teatro, um teatro e um público para se apurar, para atingir melhor nível não pode prescindir de uma CRÍTICA. É nesse sentido que nos dirigimos a V.S. - no interesse e no empenho de criar entre nós uma Associação de críticos, um Círculo de críticos, nos moldes dos que existem no Rio e em S. Paulo.

A continuidade do nosso trabalho; as apresentações eventuais dos grupos amadores que ainda sobrevivem (e que pouco ou nada aproveitam de suas atividades por falta de uma crítica que os encoraje, defenda e bem oriente) e os espetáculos da Escola da Reitoria justificam a criação de uma entidade dessa natureza. O interesse pela arte do teatro, que já existe em todo o país, garante um noticiário constante e farto; as peças encenadas no Rio e em S. Paulo e Recife dão sempre margem à considerações proveitosas para o público. Uma crítica atuante aqui em Salvador dará impulso às poucas atividades teatrais existentes na cidade.

Como nós atores contamos com o fator tempo para maior amadurecimento, apuro e rendimento ad nossa equipe, também uma Associação ou Círculo de Críticos (existente e em exercício) as benceficiará para o futuro, e os críticos que surgirem agora, com o tempo, terão em lugar de destaque - necessário e coerente com o desenvolvimento que o teatro for alcançando entre nós. Temos de recomeçar tudo, e está na hora de sair à procura desse tempo perdido, e de, com muito trabalho recuperá-lo. Aos que estão cansados ou descrentes pedimos um pouco de esperança e de novo esforço. Nossa responsabilidade é grande, pois temos de fazer e de conservar o que for feito, contando, antes de tudo, conosco, e depois, com uma possível ajuda oficial, que, temos certeza, não nos faltará se nos empenharmos em nosso trabalho.

Dada a natureza da nossa Sociedade, infelizmente, não podemos agir como "elemento coordenador" de tal iniciativa. Podemos apenas sugeri-la, pedi-la, mostrar sua necessidade, e nos esforçar em apoiá-la dentro de nossos limites.

Certos de que V.S. há de considerar tal iniciativa e lutar pela sua realização anexamos uma lista de pessoas, para as quais estamos evniando idêntica circular - pessoas que interessarão ou não, poderão ou não, fazer parte dessa futura Associação - dependendo do critério a ser adotado por todos, ficando a caad um dos interessados a composição ideal dessa entidade. A falta de algum nome representativo ou indispensável nesta lista deve ser atribuída a nossa ignorância neste sentido.

De nossa parte, fazemos o máximo que podemos, o que nos dá o direito de pedir alguma coisa: apelar para que se dê a Salvador um teatro digno da nossa Cidade.

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