A Bendição do Vila Velha


Por Sue Saphira
Neste sábado, 19/01/19, fui assistir um espetáculo de dança no Teatro Vila Velha, acompanhada de minha filha que estuda Dança na UFBA. Não consigo ir uma única vez ao Vila que não lembre que ali assisti dois espetáculos musicais promontórios da imensa e variada contribuição dos baianos à música brasileira. Foram os shows “Nós Por Exemplo” (e que exemplos!) e “Nova Bossa Velha e Velha Bossa Nova”. Foi então que iniciaram artistas que tornaram plena de inteligência, talento, musicalidade, poesia e pioneirismo a música brasileira: Caetano, Gil, Gal, Tom Zé.
Encontrei de novo pioneirismo naquele palco, na arte cênica, com os espetáculos do Bando de Teatro Olodum.
No sábado descobri que abrigar experiências ousadas e pioneirismo é o destino bendito do Vila Velha. O espetáculo Aroeira inova pelo que, em princípio, parece o óbvio: eleger como fundamento de um espetáculo de dança,,, a dança. Mas inova porque elege a dança, o movimento dos corpos, nada além da dança como único fundamento do balé. O vigor, a técnica e a emoção de jovens bailarinos, aliados à sobriedade densa/tensa de uma coreografia onde nada falta e nada excede, conseguem criar um espetáculo despojado, intenso, vigoroso. Áspero como condiz à arte em tempos áridos como os que vivemos hoje.
O Vila, em que pese a aparente contradição, mantém a tradição de não ser tradicional. Continua a ser um palco de ousadia e beleza. Parabéns a todos os envolvidos.

foto: Ananda Brasileiro

foto: Ananda Brasileiro


Convido os amigos de Salvador a assistir ao espetáculo Aroeira. Sabemos que precisamos sempre – e agora mais que nunca –  lotar os espetáculos de arte. Afinal, até os imbecis sabem que a cultura, ao dar forma de música, poesia e dança aos nossos sonhos, é ferramenta de luta para torná-los reais.













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