Somos parceiros e não inimigos
Tem gente por aí que acha que branco é um horror, um demônio. Eu não acho.
Luis Carlos Prestes, por exemplo, não foi um demônio.
Que declaração infeliz, ministra! E não adianta dizer que pinçaram uma frase do contexto. Nós somos parceiros dos brancos, não inimigos. Estamos na outra ponta do preconceito. Temos que ir contra tudo o que ofende negros, brancos, judeus, índios, japoneses; ou seja, o ser humano. Independe de raça, credo ou qualquer tipo de discriminação. Eu não faço parte de nenhum movimento de negro. Não por ojeriza. É que para isso é preciso disciplina; e eu não tenho
disciplina. Lembrando Tony Tornado, costumo dizer que sou um negro em movimento.
É claro que já fui discriminado. Hoje muito menos, pois tenho como me defender; me defendo com a intelectualidade, conversando. Mas é claro também que tenho objeções. Contra quem açoitou e contra quem vendeu o meu “tatatataravô”, contra os mercadores dos escravos africanos.
Eu, particularmente, tenho serviços prestados à nação, à libertação do país. Tenho militância ideológica no teatro e na política. Sou contra essa sociedade injusta que não fornece aos cidadãos condições de sobrevivência e possibilidade de progresso. Não é justo que se morra de fome no país. É preciso brigar sim contra a impunidade dos que foram eleitos e não cumprem suas obrigações com dignidade, independente de raça. Essa gente não é punida. Alguém pode dizer que isso não tem nada a ver com a declaração da ministra. Tem sim. Vivo no Brasil, pago meus impostos no Brasil, criei meus filhos no Brasil, exerço minhas atividades no Brasil. É preciso melhorar as condições de vida da raça humana.
A ministra, pela posição que ocupa, não pode se comportar como uma panfletária de rua ou uma estudante adolescente. A declaração veio num momento equivocado e, lamentavelmente, colaborou para que não se encaminhe a discussão para questões mais profundas. Tem gente por aí que acha que branco é um horror, um demônio. Eu não acho. Luis Carlos Prestes, por exemplo, não foi um demônio. Poderia citar muitos mais.
Sou ator. Meu sonho é que um dia não utilizem atores negros em novelas se não for absolutamente necessário. Atores devem ser escalados nos elencos independentemente da raça. E sim pela competência. É claro que numa novela como “Sinhá moça” ninguém vai deixar de colocar um negro como escravo. É diferente.
Por fim um questionamento. A ministra, por ser negra, não deveria ser necessariamente designada para ser a responsável pela Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial. O importante é que se escolha as pessoas independente da cor. Que isso não seja uma obrigação, e sim um destino. Por que a ministra Matilde não foi escolhida para o ministério do
Trabalho, ou da Educação, ou até mesmo como representante do Ministério da Saúde em São Paulo?
Autor: Milton Gonçalves
Luis Carlos Prestes, por exemplo, não foi um demônio.
Matilde Ribeiro
Ministra da Secretaria Especial de
Política da Promoção da Igualdade Racial
Ministra da Secretaria Especial de
Política da Promoção da Igualdade Racial
Que declaração infeliz, ministra! E não adianta dizer que pinçaram uma frase do contexto. Nós somos parceiros dos brancos, não inimigos. Estamos na outra ponta do preconceito. Temos que ir contra tudo o que ofende negros, brancos, judeus, índios, japoneses; ou seja, o ser humano. Independe de raça, credo ou qualquer tipo de discriminação. Eu não faço parte de nenhum movimento de negro. Não por ojeriza. É que para isso é preciso disciplina; e eu não tenho
disciplina. Lembrando Tony Tornado, costumo dizer que sou um negro em movimento.
É claro que já fui discriminado. Hoje muito menos, pois tenho como me defender; me defendo com a intelectualidade, conversando. Mas é claro também que tenho objeções. Contra quem açoitou e contra quem vendeu o meu “tatatataravô”, contra os mercadores dos escravos africanos.
Eu, particularmente, tenho serviços prestados à nação, à libertação do país. Tenho militância ideológica no teatro e na política. Sou contra essa sociedade injusta que não fornece aos cidadãos condições de sobrevivência e possibilidade de progresso. Não é justo que se morra de fome no país. É preciso brigar sim contra a impunidade dos que foram eleitos e não cumprem suas obrigações com dignidade, independente de raça. Essa gente não é punida. Alguém pode dizer que isso não tem nada a ver com a declaração da ministra. Tem sim. Vivo no Brasil, pago meus impostos no Brasil, criei meus filhos no Brasil, exerço minhas atividades no Brasil. É preciso melhorar as condições de vida da raça humana.
A ministra, pela posição que ocupa, não pode se comportar como uma panfletária de rua ou uma estudante adolescente. A declaração veio num momento equivocado e, lamentavelmente, colaborou para que não se encaminhe a discussão para questões mais profundas. Tem gente por aí que acha que branco é um horror, um demônio. Eu não acho. Luis Carlos Prestes, por exemplo, não foi um demônio. Poderia citar muitos mais.
Sou ator. Meu sonho é que um dia não utilizem atores negros em novelas se não for absolutamente necessário. Atores devem ser escalados nos elencos independentemente da raça. E sim pela competência. É claro que numa novela como “Sinhá moça” ninguém vai deixar de colocar um negro como escravo. É diferente.
Por fim um questionamento. A ministra, por ser negra, não deveria ser necessariamente designada para ser a responsável pela Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial. O importante é que se escolha as pessoas independente da cor. Que isso não seja uma obrigação, e sim um destino. Por que a ministra Matilde não foi escolhida para o ministério do
Trabalho, ou da Educação, ou até mesmo como representante do Ministério da Saúde em São Paulo?
Autor: Milton Gonçalves
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