A VALA COMUM - Páginas do Processo - nº 03
Ao final da segunda etapa (CABEÇA-PÉ), havíamos levantado cerca de 12 células-criativas, cada uma delas com foco na questão da perda de algúm ente querido e na violência urbana, criadas a partir de recortes de jornais, fragmentos de músicas e poesias, depoimentos e casos de mortes noticiadas em sites e revistas eletrônicas (de pessoas conhecidas ou que tornaram-se conhecidas com sua morte).
A partir deste levantamento de cenas, algumas quebras na estrutura dramatúrgica (tal como o texto original) poderiam ser feitas. A idéia é que essas inserções aproximassem a história escrita a partir do contexto político angolano de 1989 da realidade barsileira contemporânea. Assim, pensei que traria para a encenação a discussão política de uma questão social urgente (violência), no intuito de gerar ecos na sociedade após a encenação.
Para validar essa proposta, trouxe para a sala de ensaio o trabalho de quebra do discurso lógico (seja ele oral / físico / textual / corpóreo), criando um HIATO (conceito trabalhado pelo ator-performer Fábio Vidal, onde uma cena é interrompida como se uma janela fosse aberta para discutir alguma coisa que não etsá diretamente ligada a cena que logo depois volta do ponto onde havia parado, danod prosseguimento a ela). Foi aí que encontrei as possibilidades de quebra do texto para inserir elementos (um cena, uma música, uma coreografia, um depoimento pessoal, um dado estatístico), de modo a "abrasileirar" a história contada pelo José Mena Abrantes.
E uma questão brotou: o que eu, enquanto encenador, quero falar com essa peça? Qual é a história que pretendo contar? A saga de uma mãe que vai em busca do corpo de seu filho morto, ou a história de uma mãe que perde o filho como tantas outras - sendo ela representante de um coletivo social?
A resposta novamente foi apontada pelo texto:
"(...) Uma mãe a chorar um filho morto é apenas uma mãe a chorar um filho morto. Eu preciso ser a mãe de todos os mortos (...)"
por Luiz Antônio Jr.
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