Agitos do fim de semana
O lirismo de O olhar inventa o mundo enche o Vila de poesia e beleza neste final de semana. Não deixe de ver, pois a temporada é curtíssima - só até domingo!
O olhar inventa o mundo: hoje, sábado e domingo
Vale tudo!
O OLHAR INVENTA O MUNDO
Hoje - 18h e 20h
Sábado e domingo - 20h
Sala Principal do Vila
Ingressos: r$ 16/ 8
CABARÉ AO VAPOR
Hoje - 21h30
Cabaré dos Novos
Entrada franca
Prato: r$ 10
O olhar inventa o mundo: hoje, sábado e domingo
E por falar em final de semana, o nosso já começa muito bem: hoje tem Cabaré ao Vapor depois dO Olhar, com um frango francês especialmente preparado pela atriz Rita Carelli. Já o tempero artístico quem vai trazer é a platéia - teremos uma estrutura montada para os cantores e outros artistas da noite darem uma canja no palco.
Vale tudo!
Por isso, ensaie no espelho e traga pra gente o seu número. Pode ser a dança do quadrado, atirei o pau no gato, aquela piada de português... até strip Gordo liberou! Hoje o artista do Cabaré é você!
O OLHAR INVENTA O MUNDO
Hoje - 18h e 20h
Sábado e domingo - 20h
Sala Principal do Vila
Ingressos: r$ 16/ 8
CABARÉ AO VAPOR
Hoje - 21h30
Cabaré dos Novos
Entrada franca
Prato: r$ 10
Eu posso cantar "A triste partida" de Gonzaguinha com o meu triângulo? Vcs vão adorar! :p
ResponderExcluirrsrsrsrs
O OLHAR BRANCO INVENTA O MUNDO
ResponderExcluirO Espetáculo de teatro, O olhar inventa o mundo, com direção de Felipe de Assis, impressiona pela plasticidade e deixa a desejar pela dramaturgia fragilizada, poesia interpretada de forma jogralesca, por bons atores que não ousam interpretar os seus textos de forma menos linear. Com exceção de Neide Moura, que em alguns momentos seduz a platéia com uma interpretação mais espontânea, libertando-se da forma da poesia, coisa difícil de fazer quando se trata desse gênero literário no teatro.
O espetáculo sem a dramaturgia seria um belo espetáculo de dança, muito bem coreografado, com excelente trabalho de corpo dos atores, desenvolvido pelo ator, dançarino e performer Thiago Henoc, sem falar no interessante figurino de Rino Carvalho. O forte do espetáculo é a plasticidade, com belíssimas imagens que se sobrepõe ao texto. Na verdade, tudo se sobrepõe ao texto. Daí a falta de conexão. O cenário moderno da Mine Usina de Criação, funcional, prático, porém mal aproveitado, entra e sai para uma cena ou outra, sem que o ator possa de fato explorá-lo, como pede a sua forma. Formas ( biombos?) que não se relacionam entre si, com exceção do final, onde a cidade é construída de forma acertadamente pela direção.
Um olhar inventa o mundo. Mas que olhar é esse? Que mundo é esse inventado por esse olhar? Um olhar que não vai além dos jardins blindados, pode inventar um mundo? É de se duvidar, até porque o mundo, principalmente o mundo baiano, é um mundo mais duro, gracioso, porém concreto como as panturrilhas da mulata que desce o morro, morro esse que certamente nunca foi visto por esse olhar.
Dividido por blocos, numa referência ao teatro de Brecht, a divisão desses blocos, aparece de forma escrita ou verbalizada pelos atores. O dramaturgo e encenador alemão, com sua teoria, que propunha uma representação épica, pretendeu opor-se ao "teatro dramático", que conduziria o espectador a uma ilusão da realidade, reduzindo-lhe a percepção crítica do texto. O "efeito de distanciamento", sugerido por Brecht, visava estimular o senso crítico, tornando claros os artifícios da representação cênica e destacando conseqüentemente os valores ideológicos. O teatro de Brecht é eminentemente político. Não de forma indireta, mas aberta e declaradamente. Mas como o texto da montagem a qual me refiro, não traz valores ideológicos a serem ressaltados, e a montagem não é assumidamente brechtniana, o dramaturgo alemão ficou apenas na referência mesmo, até porque o mesmo recusava-se a aceitar uma poesia alheia aos acontecimentos sociais. Exige que ela seja atuante sem perder, entretanto, o seu sentido artístico. A poesia moderna, segundo o dramaturgo alemão, deve estar ao lado da revolução.
O diretor que nesse espetáculo se revela um encenador, cuidadoso com a encenação, no que diz respeito ao espaço cênico, marcação e movimentação dos atores, esqueceu-se de cuidar da interpretação, que em alguns momentos beira à declamação.
Que esse espetáculo, assim como o olhar da autora, amadureça e ultrapasse o espelho, inventando mundos menos brancos nessa Bahia tão negra.
Ivan Santtana
Ator, poeta e arstista plástico