Resenha de "Sangue na Guelra", por Victoria Matos

Cena da peça "Sangue na Guelra". Foto: Luís Belo.


Colonizar,ato de transformar em colônia ou habitar como colono.Colonizar com “Sangue na Guelra”, ato de transformar em colônia ou habitar como colono com garra para trabalhar e explorar.

Ação e expressão andam de mãos dadas no título e na peça da Companhia Amarelo Silvestre, de Portugal. Fundada em um treze de maio, data símbolo da abolição da escravatura aqui no Brasil, a Cia em “Sangue na Guelra” reflete o lugar do seu povo como explorador opressor e o lugar do explorado oprimido.

O cenário é a caixa cênica preta onde os atores de preto jogam corporalmente com duas cadeiras de madeira e completam um dissolver de corpos, panos e ausência de cor que presenteiam o espetáculo com belas imagens.

Sem criticar as personagens, os atores vivem as questões dos dois lados da colonização. Sem construir juízo de valor sobre o emissor do discurso, o espectador é convidado a compartilhar do entusiasmo do homem explorador,descobridor dos sete mares, navegante, errante que é recepcionado por gente arrogante que se acha superior e dona de tudo. Sem construir juízo de valor sobre o emissor do discurso o expectador é convidado a compartilhar da frustração de uma mulher mãe de sua terra e dona do seu corpo que é obrigada a receber em seu próprio chão gente arrogante que se acha superior e dona de tudo.

Movimento, pausa, texto e repetição, conduzidos de modo brilhante pela dupla de atores super conscientes do seu trabalho, quase romantizam a colonização. Era quase romantismo nas diversas formas de dizer um mesmo texto que iluminavam diferentes visões, se aproxima ainda mais do romantismo quando a convivência passa a ser aceita e simpática na fala da explorada. O romantismo se consolida quando a América e a Europa cantam juntas uma canção em inglês, a língua representante da cultura da globalização. Pedido de desculpas?


Victoria Matos é integrante da universidade LIVRE do teatro vila velha

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