Espetáculo "O Contentor" realiza pré-estreia nas Terças Pretas

Peça inédita marca estreia de Ridson Reis, arista do Bando de Teatro Olodum, como diretor. Apresentação única acontece nesta terça-feira, 23 de agosto, 19h, como parte das Terças Pretas.

 


--> Três homens africanos, de diferentes países, decidem imigrar ilegalmente para a Europa. Durante a viagem, feita no porão de um navio, compartilham suas histórias de vida e elaboram planos para um futuro próximo, mas, na chegada, são descobertos e aprisionados dentro de um contêiner (ou "contetor", no português de Angola). Este é o mote da peça "O Contetor", escrita em 1995 pelo dramaturgo angolano José Mena Abrantes a partir de um fato real que aconteceu no Porto de Lisboa. 
Em Salvador, o texto ganha nova montagem pelas mãos de Ridson Reis, artista reconhecido pelo trabalho no Bando de Teatro Olodum há dez anos, onde atuou em diversos espetáculos, como Bença, DÔ e Cabaré da RRRRRaça, e no Teatro Vila Velha, onde assinou a direção musical de peças como O Quarto do nunca e a remontagem de Ó Paí, Ó! com a Oficina de Performance Negra. A peça tem
pré-estreia em apresentação única nesta terça-feira, 23 de agosto, 19h, dentro do projeto Terças Pretas, do Bando. No espetáculo "O Contetor", que marca a sua estreia como diretor, Ridson atua ao lado dos intérpretes Eddy Firenzza (Erê, Áfricas, Diálogos do Imaginário) e Cell Dantas (Material Fatzer, Primeiro de Abril, Sonho de uma Noite de Verão).

A ideia da montagem surgiu em 2013, quando Ridson realizava intercâmbio artístico em Portugal e foi apresentado a este e a outros dois textos de Mena Abrantes, que compõem a trilogia O Pássaro e a Morte. "Me apaixonei imediatamente pelo jeito de escrever, pela história, e naquele momento decidi que iria montá-lo algum dia. Queria falar da realidade de um povo que também faz parte de mim", conta. Na ocasião, em Coimbra, o artista integrava o elenco da peça As Orações de Mansata, que reunia atores e atrizes de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Portugal, sob direção de António Augusto Barros. Depois da estreia em Portugal, a montagem viajou pelo continente africano.

"Estar em África e ver a realidade daquele povo também me motivou muito a montar esse texto. Entender, mesmo que de forma rasteira, porque eles saem dos seus países em busca de uma outra realidade", conta Ridson, que chama a atenção para a atualidade do texto e para as semelhanças que carrega em relação ao que se vive no Brasil. "O texto tem muito a ver com o Brasil, numa outra escala. A violência que o negro enfrenta na sociedade brasileira não se compara à realidade de alguns países africanos. Aqui tentamos imigrar pra outro patamar social, educacional, e os 'donos dos navios' não querem que a gente saia da guerra civil que travamos diariamente. Lá, eles lutam para poder sobreviver. Embora nós, negros brasileiros e favelados, também lutemos para estar vivos todos os dia", explica.

A montagem conta ainda com codireção de Roquildes Júnior, artista integrante d'A Outra Companhia de Teatro, de Salvador, desde a sua fundação, e produção de Inah Irenam, experiente no campo da produção em dança na Bahia.

O Contentor (O Conteiner) | Terças Pretas
23 de agosto, terça-feira, 19h
R$20 e 10
Sala Principal
Teatro Vila Velha





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