MAJOR OLIVEIRA ESTREIA NO TEATRO VILA VELHA EM AGOSTO


Monólogo com o ator Antonio Fábio discute a perda de controle da vida humana
Um Major abandonado no asilo pelos filhos logo após a instalação da Comissão da Verdade no Brasil tenta encontrar, de alguma forma, o controle sobre algo em sua vida. Esse é o mote de Major Oliveira, monólogo escrito por Daniel Arcades, interpretado por Antonio Fábio e dirigido por ambos. A temporada de estreia será no Cabaré dos Novos do Teatro Vila Velha a partir do dia 10 de agosto até 1 de setembro, às quartas e quintas (com exceção dos dias 17 e 18) às 20 horas.
Ao perceber que a situação de seu corpo, de sua família e da política do país não mais é controlada por ele, o Major se coloca em teste resolvendo perturbar a paz daqueles que o visitam na manhã de domingo onde o espetáculo se passa. A visita de um enfermeiro e uma Testemunha de Jeová naquele dia levam o Major a tentar bruscamente relembrar seus tempos de torturador durante o Regime Militar. O confinamento no asilo leva o protagonista da peça a refletir sobre as convicções morais, filosóficas e religiosas tidas durante a vida.  Para o dramaturgo e diretor Daniel Arcades, “Major Oliveira é um espetáculo para estampar a face do opressor e contar uma história de derrota, como pouco vemos nesses casos. Estamos acostumados a ver indivíduos como o Major apenas em situação de poder. Partimos da falência destas pessoas, queremos saber o que eles sentem quando não conseguem mais oprimir.”
Antônio Fábio, ator que dá vida ao personagem e diretor também da obra, ao falar sobre o desafio de encarar personagem tão forte em um monólogo afirma que “todas as características de um sujeito com uma formação ditatorial está lá: ele é misógino, racista, homofóbico e tudo que se possa pensar sobre preconceito. Mas é preciso conhecer essa face, inclusive, para poder se brigar com ela”.  A montagem partiu de um convite do ator ao dramaturgo para falar sobre a velhice e a tentativa do mundo de romantizar essa etapa da vida numa peça de teatro. A partir daí, foram quase dois anos de criações de histórias, motes e debates para se chegar ao Major Oliveira. Depois de conceberem o que seria a peça, perceberam que ambos estavam tão imbuídos do projeto que seria difícil chamar alguém para dirigir trabalho tão pessoal.
A equipe cresce com a contribuição da Direção Musical de Ronei Jorge que assina a trilha sonora tensa e soturna, trazendo para o cenário minimalista toques de terror psicológico. Edeise Gomes assina a direção de movimento e Nando Zâmbia a iluminação do espetáculo. A peça, definida por eles como “espetáculo em um ato com descontrole dos fatos”, recorta cenas desta madrugada e deste amanhecer de domingo, trazendo fragmentos não-lineares destes momentos que a plateia poderá vivenciar junto ao Major. A equipe promete ocasiões de tensão e de muita reflexão diante das nossas crenças éticas, morais e religiosas.
A montagem foi executada com recursos independentes e segue com investimento dos artistas envolvidos acreditando na arte como espaço de fomento à sensibilidade diante de momentos onde prevalece o discurso de ódio nas grandes mídias. Olhar a complexidade que cerca um sujeito como este é o que o espetáculo pretende alcançar, os discursos totalitários junto à sua fragilidade enquanto ser humano são um prato cheio para pensarmos como pode-se chegar e modificar indivíduos que passam a vida acreditando em verdades como as que o Major tanto acredita.


SERVIÇO:
Espetáculo teatral “Major Oliveira”
Onde: Teatro Vila Velha - Av. Sete de Setembro, s/n - Passeio Público, Salvador - BA, 40080-005 Telefone: (71) 3083-4600
Quando: 10, 11,24,25, 31 de agosto e 01 de setembro (quartas e quintas) às 20h
Quanto: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
Faixa etária: 14 anos
FICHA TÉCNICA:
Major Oliveira
Texto: Daniel Arcades
Elenco: Antonio Fábio
Encenação, direção, cenografia, figurino e produção: Daniel Arcades e Antonio Fábio
Direção Musical e Trilha Sonora: Ronei Jorge
Iluminação: Nando Zâmbia
Direção de Movimento: Edeise Gomes
Maquiagem de Evelyn Barbieri
Consultoria de Figurino: Hamilton Lima
Cenotécnicos: Gei Correia e Guilherme Barsan/Armazém Cenográfico
Assistência de direção e produção: Karla Coimbra
Vídeos e identidade Visual: 3art. Filmes (Uendel Galter, Hermann Jacques e Marcinho Zachariadhes)
Fotografia: Uendel Galter

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