Teatro da Amazônia na Bahia: Solo de Marajó apresenta-se no Teatro Vila Velha
Começa por Salvador e Itabuna turnê nacional de espetáculo inspirado na obra do maior romancista do norte do país
Levar a obra do escritor paraense Dalcídio Jurandir encenada às terras de outros cinco grandes romancistas regionalistas brasileiros: essa é a ideia da turnê nacional Solo de Marajó nos solos de outros brasis, do grupo paraense Usina Contemporânea de Teatro, contemplado com o Prêmio Myriam Muniz da Fundação Nacional das Artes 2014, na categoria Circulação. Depois de apresentação em Itabuna, o grupo chega a Salvador para duas únicas apresentações no Teatro Vila Velha, nesta sexta, 21, e sábado, 22, às 18h, com ingressos no formato "pague quanto quiser".
Além da Bahia de Jorge Amado – itabunense de cujas mãos Dalcídio recebeu o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra, em 1972 –, o espetáculo visitará ainda o Ceará de Rachel de Queiroz, as Alagoas de Graciliano Ramos, a Paraíba de José Lins do Rego e o Rio Grande do Sul de Érico Veríssimo. Serão sempre duas apresentações nas capitais e uma na cidade natal de cada escritor.
Dentro e fora do Pará
Solo de Marajó estreou em 2009, em Belém, integrando a programação especial da Feira Panamazônica do Livro, o maior evento literário da região Norte. Em 2010, o espetáculo foi apresentado em São Paulo durante a I Mostra da Cena Paraense Contemporânea, e voltou à capital paulista no ano passado, integrando a programação da Virada Cultural. Em fevereiro deste ano, Solo de Marajó integrou a programação do Midrash Centro Cultural, no Rio de Janeiro. A receptividade de público e crítica foi tão boa, que resultou em outras cinco apresentações na capital fluminense e mais uma no município de Niterói, num período de apenas três meses.
O que tem surpreendido o público em todos os solos por onde passa é a ousadia da encenação. Sozinho sobre o palco nu, o ator Claudio Barros, que em 2016 celebra 40 anos de intensa atuação na cena paraense, conta oito histórias tiradas do romance Marajó, o segundo de Dalcídio. Utilizando o corpo e a voz para construir as narrativas, a atuação estimula a imaginação do espectador, convidado-o a povoar o espaço vazio com a memória de pessoas e lugares.
Os temas das narrativas vão desde questões de cunho social, como racismo, exploração do trabalho, tráfico de crianças e prostituição, até o universo íntimo das relações amorosas, recheadas de paixão, dor, solidão, ciúme e vingança. Esta visão multifacetada do autor levou os criadores a uma dramatugia que não se preocupa em dar conta da fábula romanesca, mas acaba por construir um mosaico capaz de representar as relações humanas na Amazônia. A montagem de Solo de Marajó dá continuidade à pesquisa do grupo Usina sobre o ator como narrador. As fontes para esta criação foram a observação do comportamento cotidiano dos habitantes de Ponta de Pedras, onde se passa o romance, e histórias de vida do próprio atuante.
O autor
Nascido na vila de Ponta de Pedras, na Ilha de Marajó, em 10 de janeiro de 1909, Dalcídio Jurandir Ramos Pereira foi jornalista e escritor. Passou a infância no município vizinho de Cachoeira do Arari e logo depois mudou-se para Belém. Foi para o Rio de Janeiro pela primeira vez em 1928, com apenas 19 anos, onde chegou a lavar pratos para sobreviver. Ainda voltou ao Pará algumas vezes mas viveu no Rio até morrer, no dia 16 de junho de 1979.
Segundo o crítico Benedito Nunes, para quem a obra do escritor marajoara funda a paisagem urbana na literatura amazônica, os dez romances da saga Extremo Norte (além destes, ele ainda escreveu Linha do Parque, de temática proletária e publicado no RS e na Rússia) integram um único ciclo romanesco, quer pelos personagens e as relações que os entrelaçam, quer pela linguagem que os constitui, num percurso que vai desde Cachoeira do Arari até Belém, criando uma radiografia tanto do ambiente rural na Amazônia quanto da periferia da capital paraense no Século XX.
Em 1972, Dalcídio recebeu das mãos de Jorge Amado o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Na oportunidade, o escritor baiano declarou que o romancista paraense “trabalha o barro do princípio do mundo do grande rio, a floresta e o povo das barrancas, dos povoados, das ilhas, e o faz com a dignidade de um verdadeiro escritor, pleno de sutileza e de ternura na análise e no levantamento da humanidade paraense, amazônica, da criança e dos adultos, da vida por vezes quase tímida ante o mundo extraordinário onde ela se afirma”.
Serviço
Solo de Marajó
21 e 22/08 | sexta e sábado | 18h
cabaré dos novos do teatro vila velha | pague quanto quiser
Em cena o ator Claudio Barros, que celebrará, em 2016, 40 anos de teatro
Levar a obra do escritor paraense Dalcídio Jurandir encenada às terras de outros cinco grandes romancistas regionalistas brasileiros: essa é a ideia da turnê nacional Solo de Marajó nos solos de outros brasis, do grupo paraense Usina Contemporânea de Teatro, contemplado com o Prêmio Myriam Muniz da Fundação Nacional das Artes 2014, na categoria Circulação. Depois de apresentação em Itabuna, o grupo chega a Salvador para duas únicas apresentações no Teatro Vila Velha, nesta sexta, 21, e sábado, 22, às 18h, com ingressos no formato "pague quanto quiser".
Além da Bahia de Jorge Amado – itabunense de cujas mãos Dalcídio recebeu o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra, em 1972 –, o espetáculo visitará ainda o Ceará de Rachel de Queiroz, as Alagoas de Graciliano Ramos, a Paraíba de José Lins do Rego e o Rio Grande do Sul de Érico Veríssimo. Serão sempre duas apresentações nas capitais e uma na cidade natal de cada escritor.
Dentro e fora do Pará
Solo de Marajó estreou em 2009, em Belém, integrando a programação especial da Feira Panamazônica do Livro, o maior evento literário da região Norte. Em 2010, o espetáculo foi apresentado em São Paulo durante a I Mostra da Cena Paraense Contemporânea, e voltou à capital paulista no ano passado, integrando a programação da Virada Cultural. Em fevereiro deste ano, Solo de Marajó integrou a programação do Midrash Centro Cultural, no Rio de Janeiro. A receptividade de público e crítica foi tão boa, que resultou em outras cinco apresentações na capital fluminense e mais uma no município de Niterói, num período de apenas três meses.
O que tem surpreendido o público em todos os solos por onde passa é a ousadia da encenação. Sozinho sobre o palco nu, o ator Claudio Barros, que em 2016 celebra 40 anos de intensa atuação na cena paraense, conta oito histórias tiradas do romance Marajó, o segundo de Dalcídio. Utilizando o corpo e a voz para construir as narrativas, a atuação estimula a imaginação do espectador, convidado-o a povoar o espaço vazio com a memória de pessoas e lugares.
Os temas das narrativas vão desde questões de cunho social, como racismo, exploração do trabalho, tráfico de crianças e prostituição, até o universo íntimo das relações amorosas, recheadas de paixão, dor, solidão, ciúme e vingança. Esta visão multifacetada do autor levou os criadores a uma dramatugia que não se preocupa em dar conta da fábula romanesca, mas acaba por construir um mosaico capaz de representar as relações humanas na Amazônia. A montagem de Solo de Marajó dá continuidade à pesquisa do grupo Usina sobre o ator como narrador. As fontes para esta criação foram a observação do comportamento cotidiano dos habitantes de Ponta de Pedras, onde se passa o romance, e histórias de vida do próprio atuante.
O autor
Nascido na vila de Ponta de Pedras, na Ilha de Marajó, em 10 de janeiro de 1909, Dalcídio Jurandir Ramos Pereira foi jornalista e escritor. Passou a infância no município vizinho de Cachoeira do Arari e logo depois mudou-se para Belém. Foi para o Rio de Janeiro pela primeira vez em 1928, com apenas 19 anos, onde chegou a lavar pratos para sobreviver. Ainda voltou ao Pará algumas vezes mas viveu no Rio até morrer, no dia 16 de junho de 1979.
Segundo o crítico Benedito Nunes, para quem a obra do escritor marajoara funda a paisagem urbana na literatura amazônica, os dez romances da saga Extremo Norte (além destes, ele ainda escreveu Linha do Parque, de temática proletária e publicado no RS e na Rússia) integram um único ciclo romanesco, quer pelos personagens e as relações que os entrelaçam, quer pela linguagem que os constitui, num percurso que vai desde Cachoeira do Arari até Belém, criando uma radiografia tanto do ambiente rural na Amazônia quanto da periferia da capital paraense no Século XX.
Em 1972, Dalcídio recebeu das mãos de Jorge Amado o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Na oportunidade, o escritor baiano declarou que o romancista paraense “trabalha o barro do princípio do mundo do grande rio, a floresta e o povo das barrancas, dos povoados, das ilhas, e o faz com a dignidade de um verdadeiro escritor, pleno de sutileza e de ternura na análise e no levantamento da humanidade paraense, amazônica, da criança e dos adultos, da vida por vezes quase tímida ante o mundo extraordinário onde ela se afirma”.
Serviço
Solo de Marajó
21 e 22/08 | sexta e sábado | 18h
cabaré dos novos do teatro vila velha | pague quanto quiser
Comentários
Postar um comentário