Cinco peças de Matéi Visniec estão em cartaz no Teatro Vila Velha

Projeto Matéi reúne textos de um dos mais importantes dramaturgos contemporâneos, todos sob direção de Marcio Meirelles

Cena da peça Fronteiras. Foto: Marcio Meirelles
 

Durante todo o mês de agosto, no Teatro Vila Velha, cinco peças do autor Matéi Visniec são apresentadas de quarta a domingo pelo Projeto Matéi. Dirigidos por Marcio Meirelles, os espetáculos Fronteiras (quartas, 20h), Agorafobias (quintas, 20h), Deserto (sextas, 20h), A História dos Ursos Pandas (sábados, 20h) e o monólogo As Palavras de Jó (domingos, 19h) passeiam pelas mais diversas temáticas das relações humanas, com uma série de metáforas, doses de humor e muita ironia. Todas as peças são acessíveis para cegos através de recurso de audiodescrição.

Nascido na Romênia e radicado na França, Matéi Visneic é um dos dramaturgos contemporâneos mais aclamados pela crítica internacional, e tem sido montado no Brasil por diretores como André Abujamra, Rodrigo Spina e Regina Duarte. Na Bahia, desde 2013, os textos de Visniec têm sido trabalhados pelo encenador Marcio Meirelles, com quem o autor desenvolveu a partir de então uma relação de parceria e amizade. "Encontrei em Marcio um irmão cultural. Nós temos a mesma cultura teatral, gostamos dos mesmos autores, ambos achamos que o teatro tem uma dimensão social. Nós acreditamos que o artista tem uma missão na sociedade", afirma Visniec. Antes do Projeto Matéi, o Teatro Vila Velha produziu outras quatro peças do autor: Espelho para Cegos, Por que Hécuba, O Último Godot e A Mulher como Campo de Batalha.




Cena da peça Deserto. Foto Marcio Meirelles


As peças Fronteiras, Agorafobias e Deserto, apresentadas entre quarta e sexta, juntas formam a trilogia Cuidado com as Velhinhas Carentes e Solitárias. Nelas, situações absurdas - como um workshop sobre como mendigar de maneira eficiente e um desfile de mortos em combate de volta à sua pátria - servem para provocar reflexões sobre as relações e a sociedade. O espetáculo A História dos Ursos Pandas fala sobre amor a partir da história de dois jovens que acordam na mesma cama e não se lembram como foram parar lá. Já o monólogo As Palavras de Jó - que marca o retorno de Marcio Meirelles aos palcos, como ator, depois de 36 anos - parte de uma referência ao personagem bíblico para contar a história de um outro Jó, que não perde a fé no ser humano.

O Projeto Matéi, além do encenador Marcio Meirelles, conta com a colaboração de um coletivo de artistas: João Milet Meirelles, Pedro Amorim, Ridson Reis, Caio Terra e Marcelo Jardim em música; Rejane Maia, Anita Bueno, Janahina Cavalcanti, Marcelo Galvão, Leno Sacramento e Jonatas Raine em movimento; Bertho Filho em preparação do ator; Rafael Grilo em projeções audiovisuais e Lia Cunha em arte visual. Em cena, estão os atores da universidade LIVRE de teatro vila velha, programa de formação de atores a partir do qual o Vila montou, em dois anos e meio, 15 espetáculos teatrais.

SINOPSES DOS ESPETÁCULOS

FRONTEIRAS
temporada: quartas-feiras agosto, 20h, no teatro vila velha | R$ 30 e 15
texto: matéi visniec | direção: marcio meirelles | direção musical: pedro amorim

O espetáculo parte de quatro situações curiosas para provocar reflexões sobre as guerras que assolam o mundo. Em "Blasfêmias", um cidadão espera um trem que nunca chega à estação. Em "Pense que Você é Deus", dois garotos munidos de um fuzil buscam sua próxima vítima em meio às ruas e edifícios da cidade. Em seguida, uma mulher com uma criança aos braços tenta cruzar a fronteira até o território dos direitos do homem, no conto intitulado "Espere o Calorão Passar". Por fim, em "A Volta para Casa", um general acorda os mortos em um campo de batalha e tenta organizá-los em um grande desfile de volta a sua pátria.

AGORAFOBIAS
temporada: quintas-feiras de agosto, 20h, no teatro vila velha | R$ 30 e 15
texto: matéi visniec | direção: marcio meirelles | direção musical: pedro amorim

Em Agorafobias, situações absurdas levam o público a reflexões sobre as relações humanas e a tensão entre indivíduo e sociedade. O espetáculo é composto de diferentes contos, que vão desde um curioso workshop sobre como mendigar de maneira eficiente; uma garçonete histérica que se revolta com os clientes do restaurante; até o encontro de um menino com um homem cuja ferida é um espelho. A disposição da plateia provoca uma relação de proximidade e coloca o público praticamente dentro da cena.

DESERTO
sextas-feiras de agosto, 20h, no teatro vila velha | R$ 30 e 15
texto: matéi visniec | direção: marcio meirelles | direção musical: pedro amorim

Neste espetáculo, que reúne seis cenas independentes, o deserto pode ser o cenário ou estar presente como uma metáfora. Aqui, as situações
servem de pretexto para reflexões sobre o sentido da vida e da morte, o valor das coisas e das pessoas, e sobre o tempo. "Carona", "Sanduíche de Frango", "Não Sou Mais Sua Coelhinha", "Um Café Longo, um Pouco de Leite Separado e um Copo D`Água" e "A Grande Ressaca" abusam das imagens e da ironia, típicas do dramaturgo Matéi Visniec.

A HISTÓRIA DOS URSOS PANDAS
temporada: sábados de agosto, 20h, no teatro vila velha | R$ 30 e 15
texto: matéi visniec | direção: marcio meirelles

Numa manhã, dois jovens acordam na mesma cama e não se lembram como foram parar lá. Os dois decidem iniciar uma relação e fazem o acordo de passar apenas nove noites juntos e separar-se logo em seguida. As nove noites passam lentamente e parecem uma vida inteira, que abriga alegrias, descobertas, desilusões, novos e velhos rituais de amor. A peça, que põe em cena os atores Fernanda Veiga e Neto Cajado, é a segunda montagem deste texto de Matéi Visniec feita por Marcio Meirelles - a primeira estreou em março de 2015, em Portugal, no Teatro Viriato, como parte do Projeto K-Cena.

AS PALAVRAS DE JÓ
temporada: domingos de agosto, 19h, no teatro vila velha | R$ 40 e 20
texto: matéi visniec | direção: marcio meirelles | direção musical: joão milet meirelles

A partir de uma provocação do próprio autor da peça, o dramaturgo romeno Matéi Visniec, o encenador Marcio Meirelles aceita o desafio de subir ao palco, após 36 anos distante do trabalho de ator. No espetáculo, Jó - referência ao personagem bíblico que é testado a abandonar a fé em Deus - reafirma a sua crença no ser humano, apesar de todos os males. A peça tem direção de Meirelles; direção musical e trilha sonora executada ao vivo por João Milet Meirelles; arte gráfica de Lia Cunha; e projeções de Rafael Grilo.

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