Lançamento do livro Guerreiras do Cabaré
Aconteceu na noite de quarta-feira, 29/08, o lançamento do livro "Guerreiras do Cabaré", o segundo do jornalista Marcos Uzel que tem como foco o Bando de Teatro Olodum. Em 2003, Uzel publicou "O teatro do Bando: negro, baiano e popular", um conjunto de reportagens de conteúdo biográfico que documentou a atuação do Bando de Teatro Olodum entre 1990 e 2002. Com esta nova publicação, ele dá continuidade ao seu projeto Trilogia do Bando, que deve gerar ainda uma terceira publicação que atualize a biografia da companhia baiana.
O principal estímulo para a publicação foi a fartura de possibilidades de reflexão apresentadas pelas personagens femininas do espetáculo "Cabaré da Rrrraça", dirigido por Marcio Meirelles. A peça é impregnada de temas vinculados à questão racial, como identidade, relações inter-raciais, miscigenação, branqueamento, sexualidade e religião.
Maioria no conjunto de papéis desta encenação, mulheres negras de perfis variados defendem seus pontos de vista e confrontam ideias a cada tema abordado. Elas têm diferentes faixas etárias, níveis de formação, profissões, posições no mercado de trabalho, posturas políticas e formas de exercer sua religiosidade. São personagens que possuem uma vida produtiva, trabalham ou estudam e não dependem dos homens. Todas são afetadas pelo racismo, mas elas demonstram como é particular a maneira de cada uma se situar diante das formas de discriminação. Em cena, distribuem-se pelos caminhos da negação, da omissão, do reconhecimento ou do enfrentamento da discriminação racial.
Foto Tai Oliver
O ponto alto da noite foi a leitura de trechos do livro pelos atores do Bando de Teatro Olodum. Ao final, Marcio Meirelles destacou a importância da publicação e anunciou que o espetáculo "Cabaré da Rrrraça" volta a cartaz em janeiro de 2013.
Foto Tai Oliver
Mais sobre o livro
O livro é uma extensão das experiências acumuladas pelo autor nos últimos 20 anos, dentro e fora da academia, nas inserções pelo campo da pesquisa e do exercício jornalístico como repórter de cultura e crítico teatral.
O livro também contextualiza a trajetória do Bando e enfatiza os seus elos históricos com movimentos culturais e políticos não só na Bahia, mas em outras partes do mundo, e reflete sobre alguns aspectos do teatro negro no Brasil. Analisa, ainda, a ideia de raça construída na cultura e defende a validade da afirmação política desta categoria social como instrumento de combate às ações discriminatórias. Ao interceptar a raça com a noção de gênero, mostra como as ativistas negras cobraram a inclusão do combate ao racismo na luta dos movimentos feministas e do enfrentamento da discriminação de gênero nas pautas dos movimentos negros. No Brasil, em particular, a prática feminista negra atravessou décadas de combate ao quadro de desfavorecimento social que refreou a voz das afrodescendentes e as excluiu dos cargos de decisão.
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