Tá rindo de quê?
Fazer rir é arte especialmente difícil, mais ainda se a provocação é fazer rir de si mesmo – rir com a finura de espírito dos que não temem a auto-ironia e o ridículo da condição humana. Chorar de rir diante da compreensão súbita do drama bufo que protagonizamos numa sociedade de Divorciadas, Vegetarianas e Evangélicas.
Tivemos Um dia de cão, poderíamos dizer com todo exagero que nos é peculiar, bem ao estilo do clássico hollywoodiano do diretor Sidney Lumet, estrelado em 1975 por Al Pacino e John Cazale. A decisão por findá-lo num teatro, assistindo a uma comédia, pareceu-nos a terapêutica recomendada para uma tranqüila noite de sono, após o estresse do trânsito, dos celulares insistentes, das tarefas por realizar e do relógio que não nos dava tréguas. Durante o dia nos falamos por várias vezes quase como uma promessa.
Três atrizes. Duas anônimas na platéia. O espetáculo burlesco exibia sem pudores a nossa vida tão ordinária. Gargalhávamos e igualmente gargalhavam todos os presentes, dir-se-ia, às bandeiras despregadas. Tão ordinária... por isso o inevitável contágio do riso. E já não nos parece pouco modesto dizermos que éramos muitas no palco: pudicas, contidas, peruas, apaixonadas, sensuais, desmedidas, tolas... Mulheres.
Tivemos Um dia de cão, poderíamos dizer com todo exagero que nos é peculiar, bem ao estilo do clássico hollywoodiano do diretor Sidney Lumet, estrelado em 1975 por Al Pacino e John Cazale. A decisão por findá-lo num teatro, assistindo a uma comédia, pareceu-nos a terapêutica recomendada para uma tranqüila noite de sono, após o estresse do trânsito, dos celulares insistentes, das tarefas por realizar e do relógio que não nos dava tréguas. Durante o dia nos falamos por várias vezes quase como uma promessa.
Três atrizes. Duas anônimas na platéia. O espetáculo burlesco exibia sem pudores a nossa vida tão ordinária. Gargalhávamos e igualmente gargalhavam todos os presentes, dir-se-ia, às bandeiras despregadas. Tão ordinária... por isso o inevitável contágio do riso. E já não nos parece pouco modesto dizermos que éramos muitas no palco: pudicas, contidas, peruas, apaixonadas, sensuais, desmedidas, tolas... Mulheres.
Foto: Márcio Lima
Cumprimentamos as atrizes, Iara Colina, Luciana Comin e Vivianne Laert, agradecendo-lhes ter nos emprestado o espelho – artefacto invariavelmente presente nas bolsas femininas. Já não ríamos, refletíamos de renovadas perspectivas. Maravilhosas!!! Maravilhadas. À mirada caleidoscópica nos mostrava as mil máscaras que ocultamos ou deixamos à vista – brincávamos com a forma como as recriávamos com batons, blushs, lápis, gloss, bases e tantos badulaques que nos ajudam a caretear.
O depois foi revirar a bolsa, meio atabalhoadas, à semelhança de uma das personagens, à procura de moedas para o guardador de carros. Bolsas que guardam muitas bolsinhas e segredos, importantes bilhetinhos e canhotos de contas (claro que não vamos publicizar, aqui, os nossos absurdos paradoxalmente tão recônditos quanto flagrantes. O conteúdo das bolsas é sempre um mistério e uma aventura, assim como algumas máscaras femininas). A bolsa de Glória nos cabia inteirinhas. Um jeito e desejos que matamos todos os dias.Um tempo de espera como a divorciada, ou um tempo de pudores e comedimentos que sufocam e destrambelham na primeira oportunidade, como a evangélica e a vegetariana. E continuamos a nos indagar: estamos rindo de quê?
O depois foi revirar a bolsa, meio atabalhoadas, à semelhança de uma das personagens, à procura de moedas para o guardador de carros. Bolsas que guardam muitas bolsinhas e segredos, importantes bilhetinhos e canhotos de contas (claro que não vamos publicizar, aqui, os nossos absurdos paradoxalmente tão recônditos quanto flagrantes. O conteúdo das bolsas é sempre um mistério e uma aventura, assim como algumas máscaras femininas). A bolsa de Glória nos cabia inteirinhas. Um jeito e desejos que matamos todos os dias.Um tempo de espera como a divorciada, ou um tempo de pudores e comedimentos que sufocam e destrambelham na primeira oportunidade, como a evangélica e a vegetariana. E continuamos a nos indagar: estamos rindo de quê?
Vanda Machado
Ana Rita Ferraz
22 de janeiro de 2005
Ana Rita Ferraz
22 de janeiro de 2005
Oi!
ResponderExcluirGostaria de saber se essa foto de Divorciadas fui eu ou Marcio Lima que tirou?
Obrigada,
Priscila.