"Romeu & Julieta" estreia no Teatro Vila Velha com encenação de Marcio Meirelles
Uma das peças de teatro mais amadas em todo o
mundo, Romeu & Julieta, de William Shakespeare (1564 - 1616),
ganha nova versão em Salvador assinada pelo encenador Marcio Meirelles e permanece em cartaz de 1º a 18 de dezembro de
2016, de quinta a domingo, sempre às 19h, no Teatro Vila Velha. O espetáculo é
fruto de um longo ano de trabalho da universidade
LIVRE do teatro vila velha e leva à cena 24 atrizes e atores. Os ingressos
comprados até 30 de novembro, véspera da estreia, têm preços promocionais de
R$30 e R$15 - o terceiro lote, que tem início no dia 1 de dezembro, custará
R$40 e R$20.
Se é quase automática a classificação de Romeu & Julieta como uma célebre história de amor, a encenação assinada por Meirelles escolhe ressaltar o aspecto político da tragédia, em que o amor é derrotado pelo ódio e toda uma geração é dizimada pela guerra entre duas famílias. "Romeu e Julieta, a par de contar uma história de amor, é transformada também em magistral sermão contra os males da guerra civil", escreveu a crítica teatral Bárbara Eliodora (1923 - 2015) sobre o que ela considerava a principal contribuição de Shakespeare para a história. Contribuição porque não é de Shakespeare o argumento original da obra, cujas origens remontam para a Antiguidade, a Renascença e, finalmente, para um romance italiano adaptado para versos pelo poeta inglês Arthur Brooke em 1562. Mas foi Shakespeare que, segundo Heliodora, recriou com maestria Romeu & Julieta, mudando pouquíssimo da trama, mas a transformando de um texto moralizante em uma obra essencialmente política, escrita provavelmente entre 1596 e 1597.
"A maior dificuldade para se montar um Shakespeare é atravessar todas as densas camadas de polimento, academicismo, erudição, despolitização, puritanismo lançadas com o tempo sobre um teatro popular, político, vivo, ativo, erótico, violento, cruel e recuperar tudo isso", declara o encenador Marcio Meirelles, que dirige pela sexta vez uma peça do Bardo. Para esta montagem, Meirelles capitaneou um longo e intenso trabalho de pesquisa, que incluiu a consulta de diferentes textos, traduções, filmes, artigos e documentos que auxiliassem nas escolhas textuais para trechos diversos da obra. Ao seu lado, entre outros artistas e pesquisadores, estiveram o tradutor, pesquisador e professor da UFSC José Roberto O'Shea e a professora do Instituto de Letras da UFBA Elizabeth Ramos, com sua pesquisa à obscenidade na obra de Shakespeare.
"Durante séculos foi extirpada a obscenidade do personagem Mercúcio e da Ama, que complementa a lírica de Romeu e Julieta e sem a qual esta última não funciona; fragilizada a mulher Julieta para se adequar a padrões patriarcais que fazem da verdadeira heroína da peça uma coadjuvante da vontade de Romeu; transformada a trágica disputa política em dramática rixa familiar; e outras vergonhosas traições feitas por adaptações, traduções, encenações", enumera Meirelles, que recentemente organizou à convite do Laboratório de Dramaturgia da Universidade de Brasília (LADI/UnB) o primeiro volume da Revista Dramaturgias, dedicado a obra de Shakepeare e lançado neste mês de novembro. "Romeu e Julieta nos é sempre apresentada como uma comovente história de amor mal sucedido e não como uma luta entre gerações, um confronto de gêneros, uma disputa entre razão e paixão, mas não a paixão dos jovens amantes, a paixão de seus pais pela guerra. Tudo isto está ali claro como água nas palavras e nos silêncios da peça", complementa o encenador.
#SomosTodosRomeueJulieta
Em uma agitada campanha de divulgação nas redes sociais, a hashtag #SomosTodosRomeueJulieta vem sendo usada como forma de preparação para a estreia e divulgação das vendas antecipadas de ingressos, que dão ao público a possibilidade de comprar com desconto e, ao mesmo tempo, colaborar com a produção do espetáculo. Os cartazes da peça e VT de divulgação mostram dezenas de beijos entre os intérpretes, sem distinções de gênero, reafirmando uma luta atual em defesa da diversidade. Mas a campanha dialoga também com a proposta de encenação do espetáculo, em que cada um dos 24 artistas em formação desempenha, a cada cena, novos papéis. Inclusive os protagonistas são alternados entre vários do elenco e é possível, por exemplo, ver em uma cena a Julieta interpretada por um ator e, em outra, o Romeu interpretado por uma das atrizes da universidade LIVRE.
Além de encenação de Marcio Meirelles, e espetáculo tem direção de elenco de Chica Carelli, direção musical de Ian Cardoso, preparação corporal e coreografia de Marcelo Galvão e Tutto Gomes e cenário assinado por Erick Saboya e Marcio Meirelles. A montagem marca o término do segundo arco de formação da segunda turma da universidade LIVRE do teatro vila velha, programa mantido pelo Vila desde 2013. A preparação para o palco teve início em março deste ano e envolveu um total de 64 colaboradores de diversas áreas do conhecimento, como preparação corporal, dramaturgia, música, performance, dança, improvisação, yoga, iluminação, sonorização, figurino, comunicação, cenografia, cartografia, produção, entre outras.
A multidisciplinariedade, um dos princípios da universidade LIVRE desde a sua concepção, dialoga inclusive com o legado de Shakespeare. "A genialidade deste homem de teatro não se restringia aos aspectos artísticos: Shakespeare foi dramaturgo, foi ator, mas, sobretudo, foi um grande empreendedor. Esteve à frente da sua companhia, do seu próprio teatro (O Globe Theatre) e se envolvia intimamente com cada aspecto da encenação, desde a ideia até a bilheteria. Se ocupava da produção, das finanças e da programação do Globe que sobrevivia basicamente da venda de ingressos", comenta Bianca Araújo, coordenadora geral do Teatro Vila Velha e colaboradora da LIVRE na área de gestão. A aposta na bilheteria é, aliás, mais uma das similaridades. Sem qualquer patrocínio ou fonte direta de financiamento, a montagem Romeu & Julieta convoca o público, através da compra de ingressos, a ser o seu financiador e também um dos mantenedores do Teatro Vila Velha, espaço que hoje tem apenas metade de suas despesas cobertas por apoio do estado - a outra metade fica, como o Globe Theatre shakespeariano, por conta do público.
O Teatro Vila Velha é gerido pela Sol Movimento da Cena e conta com o apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia.
SERVIÇO:
Se é quase automática a classificação de Romeu & Julieta como uma célebre história de amor, a encenação assinada por Meirelles escolhe ressaltar o aspecto político da tragédia, em que o amor é derrotado pelo ódio e toda uma geração é dizimada pela guerra entre duas famílias. "Romeu e Julieta, a par de contar uma história de amor, é transformada também em magistral sermão contra os males da guerra civil", escreveu a crítica teatral Bárbara Eliodora (1923 - 2015) sobre o que ela considerava a principal contribuição de Shakespeare para a história. Contribuição porque não é de Shakespeare o argumento original da obra, cujas origens remontam para a Antiguidade, a Renascença e, finalmente, para um romance italiano adaptado para versos pelo poeta inglês Arthur Brooke em 1562. Mas foi Shakespeare que, segundo Heliodora, recriou com maestria Romeu & Julieta, mudando pouquíssimo da trama, mas a transformando de um texto moralizante em uma obra essencialmente política, escrita provavelmente entre 1596 e 1597.
"A maior dificuldade para se montar um Shakespeare é atravessar todas as densas camadas de polimento, academicismo, erudição, despolitização, puritanismo lançadas com o tempo sobre um teatro popular, político, vivo, ativo, erótico, violento, cruel e recuperar tudo isso", declara o encenador Marcio Meirelles, que dirige pela sexta vez uma peça do Bardo. Para esta montagem, Meirelles capitaneou um longo e intenso trabalho de pesquisa, que incluiu a consulta de diferentes textos, traduções, filmes, artigos e documentos que auxiliassem nas escolhas textuais para trechos diversos da obra. Ao seu lado, entre outros artistas e pesquisadores, estiveram o tradutor, pesquisador e professor da UFSC José Roberto O'Shea e a professora do Instituto de Letras da UFBA Elizabeth Ramos, com sua pesquisa à obscenidade na obra de Shakespeare.
"Durante séculos foi extirpada a obscenidade do personagem Mercúcio e da Ama, que complementa a lírica de Romeu e Julieta e sem a qual esta última não funciona; fragilizada a mulher Julieta para se adequar a padrões patriarcais que fazem da verdadeira heroína da peça uma coadjuvante da vontade de Romeu; transformada a trágica disputa política em dramática rixa familiar; e outras vergonhosas traições feitas por adaptações, traduções, encenações", enumera Meirelles, que recentemente organizou à convite do Laboratório de Dramaturgia da Universidade de Brasília (LADI/UnB) o primeiro volume da Revista Dramaturgias, dedicado a obra de Shakepeare e lançado neste mês de novembro. "Romeu e Julieta nos é sempre apresentada como uma comovente história de amor mal sucedido e não como uma luta entre gerações, um confronto de gêneros, uma disputa entre razão e paixão, mas não a paixão dos jovens amantes, a paixão de seus pais pela guerra. Tudo isto está ali claro como água nas palavras e nos silêncios da peça", complementa o encenador.
#SomosTodosRomeueJulieta
Em uma agitada campanha de divulgação nas redes sociais, a hashtag #SomosTodosRomeueJulieta vem sendo usada como forma de preparação para a estreia e divulgação das vendas antecipadas de ingressos, que dão ao público a possibilidade de comprar com desconto e, ao mesmo tempo, colaborar com a produção do espetáculo. Os cartazes da peça e VT de divulgação mostram dezenas de beijos entre os intérpretes, sem distinções de gênero, reafirmando uma luta atual em defesa da diversidade. Mas a campanha dialoga também com a proposta de encenação do espetáculo, em que cada um dos 24 artistas em formação desempenha, a cada cena, novos papéis. Inclusive os protagonistas são alternados entre vários do elenco e é possível, por exemplo, ver em uma cena a Julieta interpretada por um ator e, em outra, o Romeu interpretado por uma das atrizes da universidade LIVRE.
Além de encenação de Marcio Meirelles, e espetáculo tem direção de elenco de Chica Carelli, direção musical de Ian Cardoso, preparação corporal e coreografia de Marcelo Galvão e Tutto Gomes e cenário assinado por Erick Saboya e Marcio Meirelles. A montagem marca o término do segundo arco de formação da segunda turma da universidade LIVRE do teatro vila velha, programa mantido pelo Vila desde 2013. A preparação para o palco teve início em março deste ano e envolveu um total de 64 colaboradores de diversas áreas do conhecimento, como preparação corporal, dramaturgia, música, performance, dança, improvisação, yoga, iluminação, sonorização, figurino, comunicação, cenografia, cartografia, produção, entre outras.
A multidisciplinariedade, um dos princípios da universidade LIVRE desde a sua concepção, dialoga inclusive com o legado de Shakespeare. "A genialidade deste homem de teatro não se restringia aos aspectos artísticos: Shakespeare foi dramaturgo, foi ator, mas, sobretudo, foi um grande empreendedor. Esteve à frente da sua companhia, do seu próprio teatro (O Globe Theatre) e se envolvia intimamente com cada aspecto da encenação, desde a ideia até a bilheteria. Se ocupava da produção, das finanças e da programação do Globe que sobrevivia basicamente da venda de ingressos", comenta Bianca Araújo, coordenadora geral do Teatro Vila Velha e colaboradora da LIVRE na área de gestão. A aposta na bilheteria é, aliás, mais uma das similaridades. Sem qualquer patrocínio ou fonte direta de financiamento, a montagem Romeu & Julieta convoca o público, através da compra de ingressos, a ser o seu financiador e também um dos mantenedores do Teatro Vila Velha, espaço que hoje tem apenas metade de suas despesas cobertas por apoio do estado - a outra metade fica, como o Globe Theatre shakespeariano, por conta do público.
O Teatro Vila Velha é gerido pela Sol Movimento da Cena e conta com o apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia.
SERVIÇO:
Romeu & Julieta
Datas: 1º a 18 de dezembro de 2016, quinta a domingo, 19h
Local: Teatro Vila Velha
Valores:
R$ 30 e 15 (se comprados até 30/11)
R$ 40 e 20 (se comprados a partir de 1/12)
Vendas: www.ingressorapido.com.br ou na bilheteria do teatro (funcionamento de terça a sexta-feira, das 15h às 18h, ou a partir de 2h antes de cada evento)
Datas: 1º a 18 de dezembro de 2016, quinta a domingo, 19h
Local: Teatro Vila Velha
Valores:
R$ 30 e 15 (se comprados até 30/11)
R$ 40 e 20 (se comprados a partir de 1/12)
Vendas: www.ingressorapido.com.br ou na bilheteria do teatro (funcionamento de terça a sexta-feira, das 15h às 18h, ou a partir de 2h antes de cada evento)
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