Universidade LIVRE faz imersão sobre texto e traduções de "Romeu e Julieta"
Na última semana, a universidade LIVRE do teatro vila velha ganhou reforço nos estudos sobre a obra Romeu e Julieta, de William Shakespeare, que vem sendo trabalhada desde o início do ano para a montagem que estreia em dezembro, no Teatro Vila Velha, sob direção de Marcio Meirelles. Em sete dias de imersão, os participantes da LIVRE tiveram a presença de José Roberto O'shea, dramaturgo, tradutor e professor de literatura inglesa da Universidade Federal de Santa Catarina, doutor em Literatura Inglesa e Norte Americana pela Universidade da Carolina do Norte-Universidade de Birmingham e especialista na obra do bardo inglês, e de Elizabeth Ramos, professora do Instituto de Letras Germânicas da Universidade Federal da Bahia, pós-doutora pela USP e pesquisadora do obsceno em Shakespeare.
Os trabalhos contaram ainda com a presença dos artistas e colaboradores da casa, Chica Carelli, atriz e diretora, e Marcio Meirelles, encenador, criador da universidade LIVRE e diretor artístico do Vila. Juntos, discutimos as traduções do texto Romeu e Julieta com foco na tradução de Bárbara Heliodora , realizando escolhas/mudanças na tradução a partir dos sentidos originais. Os encontros colaboraram substancialmente para a compreensão da peça, dos seus personagens, das intenções das falas e da lógica rítmica dos versos. Foram levantadas questões sobre como o "morrer de amor", presente em Romeu e Julieta, era crível na época de Shakespeare, assim como o "morrer de tristeza".
Juntos, comparamos personagens do dramaturgo como Ofélia, Cleópatra e Julieta, considerando os estudos já feitos sobre o papel da mulher na obra do autor; questões como a grande diferença de idade dos personagens e tudo que isso implica também foram levantadas. Tudo isso qualifica o processo, expandindo sentidos. Oshea nos mostrou como, em Shakespeare, o fim das peças não leva a uma mudança transcendental, a uma nova ordem. Marcio apontou que o fato de Shakespeare matar as personagens femininas mais incríveis na sua obra é uma crítica forte ao que se fazia com as mulheres em seu contexto histórico. Essa imersão no texto tornou-o mais palpável para nós, permitindo uma compreensão mais segura da obra.
Texto escrito por Clara Romariz com colaboração de Lilia Nascimento,
ambas integrantes da universidade LIVRE do teatro vila velha.
Comentários
Postar um comentário