Resenha de "Notícias de Godot", por Clara Romariz
Cena de "Notícias de Godot". Foto: Marcio Meirelles
A peça “Notícias de Godot”, com direção de Celso Jr. e
atores de universidade LIVRE do teatro vila velha estreou no dia 20 de maio e
fica em cartaz até 5 de junho, às sextas e sábados, 20h, e domingos, 19h. Em
curta temporada, o espetáculo mergulha no universo de Samuel Beckett, um dos
mais importantes dramaturgos do século XX, trazendo fragmentos de sua obra,
peças curtas e poemas do autor.
A obra é sublime e pouco tradicional, em grande parte porque o diretor, que estudou Beckett por 30 anos, não se utiliza de clichês sobre o que seria a decadência. A peça aborda as relações humanas na sua diversidade, a psicologia da solidão, a ação da gravidade nos corpos, a estética da fragmentação corpórea, entre outros.
As cenas são curtas e fortes levando um sentimento de tristeza à plateia, pela atuação, pela postura física e sentimental dos atores, pelas metáforas trazidas. É muito interessante a forma com que as sutilezas são trabalhadas, fazendo com que pessoas diferentes tenham visões diferentes sobre o significado da obra. Os fragmentos que aparentemente são dissociados, menos pela sua estética, e mais pelo conceito, traz indagações ao público que busca um sentido maior. Isso é positivo, visto que os espectadores saem cheios de perguntas depois de assistir a obra.
O figurino (todo branco, com exceção da última cena) complementa o espetáculo fazendo o público se questionar mais uma vez. O sentimento de estar só, mesmo estando com muita gente, que assola a cena, faz a plateia se reconhecer e daí vem a maior angústia: ver que eu estou ali, que sou um dos personagens, que também sou só. “Notícias de Godot” vale a pena ser assistida.
*Clara Romariz é integrante da universidade LIVRE do teatro vila velha desde março de 2016.
A obra é sublime e pouco tradicional, em grande parte porque o diretor, que estudou Beckett por 30 anos, não se utiliza de clichês sobre o que seria a decadência. A peça aborda as relações humanas na sua diversidade, a psicologia da solidão, a ação da gravidade nos corpos, a estética da fragmentação corpórea, entre outros.
As cenas são curtas e fortes levando um sentimento de tristeza à plateia, pela atuação, pela postura física e sentimental dos atores, pelas metáforas trazidas. É muito interessante a forma com que as sutilezas são trabalhadas, fazendo com que pessoas diferentes tenham visões diferentes sobre o significado da obra. Os fragmentos que aparentemente são dissociados, menos pela sua estética, e mais pelo conceito, traz indagações ao público que busca um sentido maior. Isso é positivo, visto que os espectadores saem cheios de perguntas depois de assistir a obra.
O figurino (todo branco, com exceção da última cena) complementa o espetáculo fazendo o público se questionar mais uma vez. O sentimento de estar só, mesmo estando com muita gente, que assola a cena, faz a plateia se reconhecer e daí vem a maior angústia: ver que eu estou ali, que sou um dos personagens, que também sou só. “Notícias de Godot” vale a pena ser assistida.
*Clara Romariz é integrante da universidade LIVRE do teatro vila velha desde março de 2016.
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