Coreógrafa Yanka Rudzka será lembrada no Ano da Cultura da Polônia no Brasil
Nesta quinta-feira, o Caderno 2 do Jornal A Tarde destaca o Projeto Yanka Rudzka, que homenageará a coreógrafa polonesa que marcou a história da dança na Bahia e no Brasil. Realizado pelo VIVADANÇA Festival Internacional em parceria com o Art Stations Foundation, da Polônia, o Projeto Yanka Rudzka integra as ações do Ano da Cultura da Polônia no Brasil, uma iniciativa do Ministério da Cultura e da Herança Nacional da Polônia, através do Instituto Cultural Adam Mickiewicz (Culture.pl), que promoverá uma série de atividades durante o ano de 2016 em todo o país. Leia, abaixo, a versão digital da matéria.
Yanka será lembrada no Ano da Cultura da Polônia no Brasil
por Eduarda Uzeda
Jornal A Tarde (matéria original aqui)
por Eduarda Uzeda
Jornal A Tarde (matéria original aqui)
A dançarina e coreógrafa polonesa Yanka Rudzka (1916-2008), também
professora de dança moderna e de expressão corporal para atores, foi um
grande nome na dança do Brasil. Visionária, foi uma das precursoras da
fusão da dança contemporânea com os ritmos tradicionais do candomblé,
embora seja quase desconhecida em seu país de origem.
Yanka, que também teve uma íntima ligação com a dança expressionista alemã, foi a primeira diretora da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia - Ufba, a primeira instituição de ensino superior em dança no Brasil, referência para a criação de várias unidades de ensino do país.
O que na prática se traduz como o inicio de inserção na dança no mundo universitário brasileiro, ainda diz pouco sobre a personalidade de Yanka, que se interessava pelo que houvesse de inovador em vários campos - teatro, literatura, música e artes plásticas.
Durante o Ano da Cultura da Polônia no Brasil (2016), esta mulher, que dançava com a alma e gostava de compartilhar sua criação com outras linguagens artísticas, será homenageada. Na Bahia, a celebração acontece com o Projeto Yanka Rudzka, uma ação do Vivadança Festival Internacional em parceria com o Art Stations Foundation, da Polônia.
Montagem inédita
Entre as atividades do Projeto Yanka Rudzka, que acontece em abril do próximo ano, durante o festival Vivadança, está a realização de um seminário coordenado pelo pesquisador polonês Maciej Rozalski sobre a homenageada.
"Uma montagem inédita sobre Yanka será apresentada em 29 de abril, Dia Mundial da Dança", informa a diretora do Vivadança, Cristina Castro. Será dirigida na Bahia pela coreógrafa polonesa Joanna Lesnierowska.
"Dançarinos brasileiros e poloneses dividirão o palco no Ano da Cultura da Polônia no Brasil e também quando comemoraremos dez anos do festival", afirma Cristina. Joanna Lesnierowska dá pistas sobre a nova montagem: "Sou fascinada pelo samba tradicional e pelo elemento espiritual da dança, a janela para algo transcendental, que especialmente em coreografias experimentais (conceituais) e especialmente na Europa têm sido extremamente desrespeitadas nas últimas décadas e frequentemente desaparecem da cena da dança".
Versatilidade
Yanka, que acreditava na interdisciplinaridade das artes e culturas, hoje tão em voga, não ficou restrita ao mundo da dança, de acordo com a pesquisadora Maria Claudia Alves Guimarães, atuando concomitantemente na área teatral como professora de expressão corporal.
Na dissertação de mestrado do Instituto de Arte da Unicamp, Vestígios da Dança Expressionista no Brasil - Yanka Rudzka e Aurel von Milloss, Maria Claudia revela que Yanka chegou a contar com alunos como Cacilda Becker, Walmor Chagas, Sérgio Cardoso e Gianfrancesco Guarnieri. "Foi uma das primeiras a empregar a denominação expressão corporal e a divulgar este tipo de trabalho no Brasil", informa.
Trajetória
Nascida Juana Zandel de Rudzka, em Varsóvia, na Polônia, filha de uma família burguesa, Yanka estudou a dança expressionista alemã em Berlim. Em 1946, após ter vivenciado a invasão da Polônia, saiu da Europa e foi para Buenos Aires, na Argentina, onde desenvolveu trabalhos na área. Ela, no entanto, negava a influência da dança expressionista alemã em sua trajetória. Rejeição compreensível, uma vez que esta dança foi usada como uma ferramenta de propaganda nazista. E, também, como lembra a coreógrafa Lia Robatto, sua discípula maior, "não só por isto, mas porque ela tinha uma visão mais ampla da dança".
Em 1951, foi para Milão e, um ano depois, chegou ao Brasil. Em 1956, recebeu convite do então reitor Edgar Santos para criar e dirigir a primeira escola de dança do país.
Legado
Na Bahia, pelo menos duas coreógrafas perpetuaram seu legado, com uma marca autoral: Lia Robatto (a única que a acompanhou desde quando chegou ao Brasil até quando saiu do país) e Marta Saback. "O signo da modernidade da dança do Brasil veio com Yanka", afirma Lia Robatto.
"Já estudei com Deus e o mundo, mas Yanka continua sendo minha referência máxima. Ela via a dança dentro de um contexto geral de cultura, não como uma única expressão artística", frisa.
A coreógrafa e professora da Ufba Marta Saback, que foi aluna de Yanka na adolescência, lembra que o primeiro espetáculo que ela fez na Bahia foi na rua, na área externa da Reitoria da Ufba.
"Naquela época, no final dos anos 50, ela já fazia isto, que hoje é visto como inovação", afirma, acrescentado que Yanka foi a primeira a usar o berimbau no palco. "Hoje se fala muito de criação compartilhada da arte, mas Yanka já compartilhava suas criações", diz Saback. Era, sem dúvida, uma mulher à frente de seu tempo.
Yanka, que também teve uma íntima ligação com a dança expressionista alemã, foi a primeira diretora da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia - Ufba, a primeira instituição de ensino superior em dança no Brasil, referência para a criação de várias unidades de ensino do país.
O que na prática se traduz como o inicio de inserção na dança no mundo universitário brasileiro, ainda diz pouco sobre a personalidade de Yanka, que se interessava pelo que houvesse de inovador em vários campos - teatro, literatura, música e artes plásticas.
Durante o Ano da Cultura da Polônia no Brasil (2016), esta mulher, que dançava com a alma e gostava de compartilhar sua criação com outras linguagens artísticas, será homenageada. Na Bahia, a celebração acontece com o Projeto Yanka Rudzka, uma ação do Vivadança Festival Internacional em parceria com o Art Stations Foundation, da Polônia.
Montagem inédita
Entre as atividades do Projeto Yanka Rudzka, que acontece em abril do próximo ano, durante o festival Vivadança, está a realização de um seminário coordenado pelo pesquisador polonês Maciej Rozalski sobre a homenageada.
"Uma montagem inédita sobre Yanka será apresentada em 29 de abril, Dia Mundial da Dança", informa a diretora do Vivadança, Cristina Castro. Será dirigida na Bahia pela coreógrafa polonesa Joanna Lesnierowska.
"Dançarinos brasileiros e poloneses dividirão o palco no Ano da Cultura da Polônia no Brasil e também quando comemoraremos dez anos do festival", afirma Cristina. Joanna Lesnierowska dá pistas sobre a nova montagem: "Sou fascinada pelo samba tradicional e pelo elemento espiritual da dança, a janela para algo transcendental, que especialmente em coreografias experimentais (conceituais) e especialmente na Europa têm sido extremamente desrespeitadas nas últimas décadas e frequentemente desaparecem da cena da dança".
Versatilidade
Yanka, que acreditava na interdisciplinaridade das artes e culturas, hoje tão em voga, não ficou restrita ao mundo da dança, de acordo com a pesquisadora Maria Claudia Alves Guimarães, atuando concomitantemente na área teatral como professora de expressão corporal.
Na dissertação de mestrado do Instituto de Arte da Unicamp, Vestígios da Dança Expressionista no Brasil - Yanka Rudzka e Aurel von Milloss, Maria Claudia revela que Yanka chegou a contar com alunos como Cacilda Becker, Walmor Chagas, Sérgio Cardoso e Gianfrancesco Guarnieri. "Foi uma das primeiras a empregar a denominação expressão corporal e a divulgar este tipo de trabalho no Brasil", informa.
Trajetória
Nascida Juana Zandel de Rudzka, em Varsóvia, na Polônia, filha de uma família burguesa, Yanka estudou a dança expressionista alemã em Berlim. Em 1946, após ter vivenciado a invasão da Polônia, saiu da Europa e foi para Buenos Aires, na Argentina, onde desenvolveu trabalhos na área. Ela, no entanto, negava a influência da dança expressionista alemã em sua trajetória. Rejeição compreensível, uma vez que esta dança foi usada como uma ferramenta de propaganda nazista. E, também, como lembra a coreógrafa Lia Robatto, sua discípula maior, "não só por isto, mas porque ela tinha uma visão mais ampla da dança".
Em 1951, foi para Milão e, um ano depois, chegou ao Brasil. Em 1956, recebeu convite do então reitor Edgar Santos para criar e dirigir a primeira escola de dança do país.
Legado
Na Bahia, pelo menos duas coreógrafas perpetuaram seu legado, com uma marca autoral: Lia Robatto (a única que a acompanhou desde quando chegou ao Brasil até quando saiu do país) e Marta Saback. "O signo da modernidade da dança do Brasil veio com Yanka", afirma Lia Robatto.
"Já estudei com Deus e o mundo, mas Yanka continua sendo minha referência máxima. Ela via a dança dentro de um contexto geral de cultura, não como uma única expressão artística", frisa.
A coreógrafa e professora da Ufba Marta Saback, que foi aluna de Yanka na adolescência, lembra que o primeiro espetáculo que ela fez na Bahia foi na rua, na área externa da Reitoria da Ufba.
"Naquela época, no final dos anos 50, ela já fazia isto, que hoje é visto como inovação", afirma, acrescentado que Yanka foi a primeira a usar o berimbau no palco. "Hoje se fala muito de criação compartilhada da arte, mas Yanka já compartilhava suas criações", diz Saback. Era, sem dúvida, uma mulher à frente de seu tempo.
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