Diário de Bordo: o dia final (décimo quarto dia) - o diretor teatral Marcio Meirelles faz um balanço das oficinas em São Tomé
Convidado pela “Cena Lusófona”, Associação Portuguesa para o Intercâmbio Teatral, o artista conduziu uma seleção de atores na África, juntamente com António Augusto Barros (diretor da associação), para a montagem de espetáculo com estreia em Portugal.
o dia final
o fechamento do círculo
a despedida de um momento
o q fica?
essa é a pergunta angustiante q sempre me faço
fui útil? deixo alguma coisa q vai ajudar esses atores a seguirem em frente?
como vão usar as ferramentas q usamos em seu trabalho
depois?
como serão seus processos depois deste?
e os meus?
estar no continente africano
em um país insular como são tomé
q muitos de nós brasileiros desconhecemos por completo
neste mito mama áfrica e coordenar uma oficina de teatro para atores
oficina de improvisação de construção dramatúrgica
mas principalmente
oficina de repensamento de teatro
é alguma coisa q ainda n processei
enfrentar os mitos sempre é uma tarefa hercúlea
um trabalho mítico tb
daí chegar ao humano ao comum
ao simples ao cotidiano é duro
uma meta da oficina era tb revelar os atores e seu potencial
para barros poder escolher 2 q vão integrar o elenco de
as orações de mansata
- inspirada em macbeth -
q vai montar em coimbra
vim pra cá c a idéia de trabalhar algumas cenas da peça de shakespeare
através dos ritmos nacionais
falar c tambores
como fizemos na universidade LIVRE de teatro vila velha
em nosso experimento FRANKENSPEARE/SHAKESTEIN
mas percebi q ganharia mto mais trabalhando a partir
da memória do q fiz para construir o BANDO DE TEATRO OLODUM
provocar os atores para usarem memória e imaginação
imaginação e memória
e irem descobrindo um método próprio de trabalhar
com a criação de respirações e ritmos q montem
um quebra cabeças
peça por peça até tornar visíveis os “vizinhos”
n EU mas alguém mto próximo de quem conheço os hábitos
mas de quem guardo uma certa distância
q me permite observar sem envolvimento
só observar e representar
n falei de “vizinhos” uma atriz
– no exercício do caminhar montar e observar o outro –
é q falou na avaliação “é como estar vendo meus vizinhos”
gostei do conceito
construímos vizinhos através dos quais podemos falar de nossa comunidade
familiar territorial setorial social política
e esses vizinhos começam a se relacionar
são criados parentescos e ações surgem daí
costura-se as ações c o fio de uma ideia
surgida delas mesmas ou trazida de um desejo de falar sobre alguma coisa
ou da necessidade de q alguma coisa específica seja falada
hj aqui para podermos lidar c ela
os personagens essas coisas q o ator maneja para falar
como um músico maneja seu instrumento
são “vizinhos”
foi bom ter mudado de rota e em vez de revisitar uma vez mais o velho bill
tenha trabalhado c as ferramentas da improvisação
é o teatro q a maioria dos grupos aqui faz
improvisado a partir de guiões
então em 12 dias de trabalho foi mais efetivo
exercitar o uso dessas ferramentas
e as possibilidades q ela dá de serem criadas dramaturgias
na avaliação final foi importante ouvir q na oficina
aprenderam q qdo se trata de teatro trata-se de muitas outras coisas
foi o mais importante
os agradecimentos as mudanças radicais na vida de cada um
os depoimentos sobre descobrimentos e epifanias
são contaminados pela emoção da apresentação
da adrenalina produzida pelo encontro c o público
o fato de terem louvado minha paciência
é uma ilusão n sou paciente
aguentei os atrasos e faltas de alguns para ter mais prazer
no trabalho c o mínimo de tensões
além de saber q é preciso negociar c a vida real compromissos e culturas
e o fato de q eles viraram um grupo único
quebrando as barreiras entre os grupos aos quais pertencem
e nos quais se isolam dos outros
apesar de ser verdade temo ser uma verdade passageira
temporária
q dura enqto dura a oficina
é bom mas vai se dissolver no cotidiano
o desejo de constituir um fórum ou associação de teatro
me anima
é um desejo e os desejos cobram realizações
pode ser
será difícil
como tudo nestas áfricas
mas n impossível
como qualquer coisa nestas áfricas
1o/08/2013
escrito em 3/07/2013
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