O Bando em Movimento
Na noite de sexta-feira, 30 de novembro, o Teatro Vila Velha ficou ainda mais movimentado. O responsável por todo esse burburinho foi o Bando de Teatro Olodum, grupo com 22 anos de história e com incursões bem-sucedidas no cinema e na TV. A estreia de Dô, espetáculo que usa técnicas do teatro butoh (dança-teatro de origem japonesa), não fugiu à regra e reafirmou a qualidade artística do grupo.
Oriunda do Japão, “dô” é uma palavra que significa “movimento”. Muita gente ficou intrigada com o título da montagem e as expectativas, na sala de espera do Vila, evidenciavam isso. “A gente já conhece o trabalho do Bando e eu fico nervosa pelo grupo. Acho que é um desafio. A expectativa é grande”, afirmou a pedagoga Fabrícia Brito, 31 anos. Como o espetáculo tem direção de Tadashi Endo, reconhecido mestre do Butoh, o público também destacou essa característica inédita na trajetória do Bando, a exemplo da doutoranda da Universidade de Chicago, Jaira Harrington, de 27 anos. “Eu nunca vi um espetáculo assim. As minhas expectativas são abertas. Vai ter mistura de cultura”, reconheceu.
O espetáculo
Com elenco formado por Ednaldo Muniz, Elane Nascimento, Fábio Santana, Leno Sacramento, Ridson Reis, Sérgio Laurentino e Valdinéia Soriano, Dô é de emocionar. Os atores-dançarinos entram em cena como se estivessem perdidos. A expressão no corpo e no olhar revela a entrega de cada artista ao projeto. No palco, um pouco da história dos intérpretes é contada, servindo de metáfora para indicar como foi a caminhada deles até chegar ali. É que “dô” também significa “caminho”. Tadashi quis imprimir a identidade dos artistas no espetáculo. Em determinado momento, o que é sério e preciso, parece virar brincadeira de criança. Mas nada é à toa em Dô. Um simples jogo com bolas de tamanhos diferentes serve para sinalizar como, às vezes, os desafios da vida se tornam maiores, a dor se intensifica, e como a ajuda dos outros é necessária nessas ocasiões. O humor faz parte de Dô. Quando os atores se pintam, fazendo trejeitos sensuais, o riso da plateia entra em cena. No final, Virgínia Rodrigues, que já fez parte do Bando, empresta a sua voz para ser a trilha sonora do clipe que fecha o espetáculo. Enquanto a cantora entoa a canção Uma História de Ifá (Elegibô), imagens com performances dos sete atores que integram a montagem são exibidas.
O resultado de oito meses de ensaios e pesquisas agradou ao público. “Foi super diferente de tudo que eu já vi do Bando. Eles inovaram e foi positivo. Eu gostei”, elogiou a psicóloga Tainan Conceição, 26 anos. O espetáculo de estreia foi dedicado à atriz Auristela Sá, de 44 anos, que participou de algumas fases do projeto, mas não pôde continuar por problemas de saúde. “Não pude participar, mas me senti na montagem. Não poderia deixar de estar aqui. A homenagem é para eles também [os atores que estiveram em cena]”, declarou.
Dô é o segundo espetáculo de dança do Bando de Teatro Olodum. Antes, o grupo já tinha montado Xirê/Erê pra Toda a Vida. A temporada de Dô vai até o dia 16 de dezembro, de sexta a domingo, às 20h, na Sala Principal do Teatro Vila Velha. O ingresso custa R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Contudo, nos dias 3, 10 e 11 de dezembro, as sessões serão extras e o ingresso custará R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). As reservas podem ser feitas através do telefone 3083-4600, no dia do espetáculo. Os curiosos de plantão podem ver todo o processo de criação da peça através do endereço http://materialdomovimento.wordpress.com. Mais informações sobre Dô estão em http://bandodeteatro.blogspot.com.br.
Texto: Raulino Júnior
Foto: João Milet Meirelles
Obrigada por mostrar o espetaculo mais bonita que ja pude ver. Queria que o mundo enteiro pudesse ver e sentir o que me foi dado de esperimentar essa noite. Parabén e obrigada.
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