Espetáculo “Kaiala” sobre intolerância religiosa integra a programação do Amostrão Vila Verão
Solo de Sulivã Bispo recebeu indicação ao prêmio Braskem na categoria melhor ator
O espetáculo “Kaiala”, do Teatro da Queda, realiza duas apresentações nas terças-feiras, 7 e 14 de fevereiro no Amostrão Vila Verão 2017 no Teatro Vila Velha. O ator Sulivã Bispo, que interpreta três personagens no espetáculo, recebeu indicação ao Prêmio Braskem de Teatro na categoria melhor ator pelo papel.
Entre realidade e ficção, Kaiala conta a história de uma menina de 10 anos, iniciada no candomblé de tradição angola, que foi assassinada em um ato de intolerância religiosa, quando seu terreiro foi invadido por um grupo de evangélicos que quer por fim aos cultos de matriz africana. Na narrativa, o ator Sulivã Bispo se divide em três personagens: um irmão de santo da menina, a avó dela que também é sua ialorixá e a evangélica que lidera a invasão e é responsável pelo assassinato. “Essas três visões auxiliam na construção do relato que é fragmentado em flashs e o público vai conhecendo um pouco da religião e da resistência do povo negro”, disse o diretor do espetáculo, Tiago Romero.
A trama é costurada pela função de cada personagem que conduz o discurso como a avó que traz o contexto religioso, sem esquecer a questão de gênero, e a evangélica que representa o preconceito e suas formas de expressão. “A gente utiliza a divindade Kaiala, que é um inquice do candomblé angola, com uma metáfora para lidar com temas como a intolerância, resistência, preconceito e genocídio do povo negro”, disse o diretor.
Dentro da tradição bantu, Kaiala tem as águas como seu domínio. “Kaiala é um alerta do que não pode mais acontecer. É a grande força maternal, que cuida das cabeças e vem passar essa mensagem. Ela traz para a dramaturgia a visão de divindade de maneira muito bela e singela e faz um paralelo com esse momento tão triste que estamos vivendo de intolerância religiosa no país”, explica Sulivã.
A motivação para construção do espetáculo é resultado de uma inquietação pessoal. “Surge de uma revolta minha com relação a esse tema. O surto que adentrou a periferia de preconceito racial, a migração do povo de santo para a religião evangélica. Então me vi instigado a falar sobre isso”, contou o ator. O texto inicial e a concepção são de Sulivã, mas também contou com colaboração de Tiago na finalização do texto final. “É um processo que parte da individualidade dele, mas que depois foi recebendo outros valores com as provocações que fui fazendo como diretor. Acabou ficando muito do texto inicial, sem contar a colaboração de Daniel Arcades que também desenvolveu a estrutura definitiva do texto”, disse Tiago. Além de relatos e do que já tinha vivenciado, a construção do roteiro também teve inclusão de informações oriundas de documentários utilizados como fonte de pesquisa. No processo investigativo e de experimentação também foi necessário descobrir a intolerância sob a perspectiva de cada um dos envolvidos: o povo de santo, a criança, o evangélico.
O embrião do espetáculo foi uma atividade, no ano passado, do Ato de Quatro – um projeto da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba)– que consiste na criação de uma cena de 15 minutos. Nasceu com nome ‘Kaiala: um congado de um povo de santo’. “Fiz sem esperar grandes repercussões. Era novembro negro e nada na escola falava sobre o tema. Foi gente de candomblé assistir, gostei do resultado e quis continuar”, Sulivã. A oportunidade de transformar a cena em espetáculo veio com o edital do Programa Institucional de Bolsas de Experimentação Artística (PibiexA), em comemoração aos 70 anos da Ufba, quando o projeto foi selecionado, tendo como tutor o professor Maurício Pedrosa, estreando em outubro de 2016, no Teatro Gregório de Mattos.
O embrião do espetáculo foi uma atividade, no ano passado, do Ato de Quatro – um projeto da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba)– que consiste na criação de uma cena de 15 minutos. Nasceu com nome ‘Kaiala: um congado de um povo de santo’. “Fiz sem esperar grandes repercussões. Era novembro negro e nada na escola falava sobre o tema. Foi gente de candomblé assistir, gostei do resultado e quis continuar”, Sulivã. A oportunidade de transformar a cena em espetáculo veio com o edital do Programa Institucional de Bolsas de Experimentação Artística (PibiexA), em comemoração aos 70 anos da Ufba, quando o projeto foi selecionado, tendo como tutor o professor Maurício Pedrosa, estreando em outubro de 2016, no Teatro Gregório de Mattos.
FICHA TÉCNICA
Direção/cenografia: Thiago Romero
Atuação/Concepção: Sulivã Bispo
Tutor: Maurício Pedrosa
Figurino: Tina Melo
Iluminação: Alisson Sá
Operação de Luz: Luiz Antônio Sena Jr.
Coreografia: Nildinha Fonseca
Orientação Musical: Luciano Bahia
Instrumentista: Sanara Rocha
Direção de Produção: Luiz Antônio Sena Jr.
Produção Executiva: Bergson Nunes, Ícaro Piton e Diego Moreno
Produção: DAGENTE PRODUÇÕES
Desing Gráfico: Diego Moreno
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