Merecido

Sempre gostei da palavra Mérito. Desde pequeno. Desde que ganhei uma medalhinha daquelas de "Honra ao Mérito" na competição de natação da escola. Aí, a gente aprende a palavra e usa até gastar. Depois desencana e esquece.

Mas esse fim de ano 2009 trouxe um sentido ótimo para "Mérito" aqui no Vila. No último dia 25, em novembro, Sônia Robatto, uma das fundadoras da Companhia Teatro dos Novos (em 1959) e do Teatro Vila Velha (em 1964), recebeu das mãos do Ministro da Cultura, Juca Ferreira, a Medalha da Ordem do Mérito Cultural. Uma honraria que, se na prática parece não ir muito além de si, é não só motivo de orgulho para os vilavelhos, para o teatro, para a cultura na Bahia, como reconhece e faz justiça com a história das Artes nesse país. E como é bom pensar nisso daqui de dentro.

A Ordem do Mérito Cultural premia o "conjunto da obra". Faz pensar de onde a gente veio e para onde vai. Este Teatro é Aquele Teatro? Em que esquinas eles se encontram? A pergunta é tão boa de matutar... De certeza, ladrilhamos um caminho com 45 anos "muito bem vividos" (como diria minha sábia mãe) e agora laureados com o maior prêmio concedido à Cultura no país. Esse Teatro é vivo. E estava lá no Rio, dia 25, na figura de Dona Sônia, recebendo uma pompa que é sua, do Vila. Natural. Não precisa ser nada demais. Só simples e bonito, como um bom espetáculo.

Bruno Machado

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o momento


o diploma

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TEXTO SOBRE O VILA NO CATÁLOGO
ORDEM DO MÉRITO CULTURAL 2009

O Teatro Vila Velha foi fundado em Salvador por cinco ex-alunos da Universidade Federal da Bahia: Echio Reis, Sônia Robatto, Carlos Petrovich, Othon Bastos, Thereza Sá e Carmem Bittencourt.

Liderados por seu professor, João Augusto, eles rompem com a academia e criam a chamada Sociedade Teatro dos Novos.

O Vila Velha foi inaugurado no dia 31 de julho, no Passeio Público de Salvador, apenas dois meses após o golpe militar de 1964.

A abertura foi uma amostra da diversidade que caracterizaria a instituição: contou com apresentação de escola de samba, com o show Nós, Por Exemplo (estreia de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa e Maria Bethânia), exposição de fotos e cartazes. Alguns meses depois, abrigou o engajado espetáculo teatral Eles não Usam Black-Tie, adaptação do texto de Gianfrancesco Guarnieri, com direção de João Augusto.

Reconstruído na década de 90, o teatro conta atualmente com seis grupos residentes de artes cênicas, que reúnem mais de cem artistas em atividades constantes como oficinas, projetos especiais, novas montagens e manutenção de repertório. A casa também abre suas portas para artistas de outras linguagens.

Revisando sua trajetória, o Teatro Vila Velha mantém hoje, 45 anos depois, as bandeiras fincadas pelos Novos (como ainda hoje são chamados aqueles jovens inquietos): a democratização dos bens culturais, a formação do artista e do público, o abraço à diversidade de linguagens, o comprometimento com a reflexão, a ousadia, o enfrentamento aos padrões estabelecidos, a celebração à coletividade.
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o catálogo

Comentários

  1. Cristina Castro2/12/09 20:50

    Linda Soninha!Obrigado por nos representar tão bem.Estou muito orgulhosa desse prêmio e de todas as nossas aventuras nesse teatro que encanta e inspira nossas vidas.
    Cristina Castro

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