VEM AÍ:
Mistureba Fashion
segunda
07/08

19h


Letícia, Olga e Fernanda na lente de João Meirelles

Vestir um personagem.Conceituar o figurino de um espetáculo teatral/filme/show/etc. Interpretar e traduzir sob a forma de roupa a abstração de uma coreografia de dança. Atribuições de um figurinista. Figurino/roupa; moda/modo; personagem/indivíduo; palco/rua; texto/contexto; cena/vida.

Criando e recriando figurinos sempre me deparo com essas palavras/conceitos. Sempre me questiono sobre o significado de cada uma delas. O que caracteriza o que chamamos de roupa e o que denominamos figurino? A forma? A função? Ambas? Se a roupa sobe ao palco para vestir um personagem na cena, porque o figurino não pode sair à rua para individualizar, criar uma moda pessoal, contextualizar um indivíduo no seu meio dando-lhe uma assinatura única e intransferível? E o que é roupa? E o que vem a ser figurino? Que linha os separa? A vida imita a arte ou a arte (re)trata a vida?

Nessa minha nova aventura entre linhas e agulhas procuro não responder a esses questionamentos (porque, obviamente, ainda não encontrei as respostas). Vejo a roupa como a tradução da personalidade de cada um - esse é um pensamento conceitual, porque o que vejo quase sempre nos outros e as vezes em mim mesmo é bem diferente - com todas as suas nuances e variações de humores, amores e dores. Não compactuo com os cegos seguidores das ditas "tendências"( que mudam a cada...6 meses!). As chamadas ?fashion victms?, um exército numeroso que se massifica/banaliza/globaliza sem o menor pudor, desrespeitando suas individualidades, sejam elas físicas, regionais morais ou comportamentais. São os contribuintes que a cada dia engordam o saldo da (já bem gordinha) Indústria da Moda, os fiéis pastores da Nossa Senhora da Última Moda.

Nessa coleção retrato em forma de peças do vestuário feminino, sentimentos, cores,, formas, sensações e lembranças que me acompanham desde de criança, quando observava fascinado, a movimentação de minha mãe e tias entre tecidos coloridos, carretéis e fitas costurando as roupas de festa para toda a família. Não segui tendências, não pesquisei as cores nem as estampas da moda, não me interessei pelas "peças-chave" da estação. Para mim, tendência é estilo pessoal, cor da moda é aquela que nos agrada e estampa legal é aquela que nos faz se sentir feliz. Ah, e "peça-chave" é aquela que dá vontade de vestir, seja ela uma saia-lápis, uma bata bem riponga (bem setentinha) ou uma míni-micro-saia de lurex (faiscando!), pouco importando se é isso que está nas revistas especializadas em moda ou se é o que a atriz/modelo da novela das oito está usando exaustivamente.

Fiz uma roupa para a mulher que tem prazer em se enfeitar, em se exibir e não tem pudores em relação aos olhos alheios.O minimalismo passa longe dela.Ela é barroca, rococó, cheia de fitas/flores/cores/bordados/brilhos. Ela dá pinta. A inspiração vem do artesanal, do "hand-made". AS formas flertam com os anos 50, 70 e 80 ( saias godês + cintura alta + batas soltas + saiões à Janis Joplin + volumes + mangas morcego) e toda essa ?mistureba? fashion com que somos bombardeados diariamente nesse início de século XXI.

Para apresentar essa coleção, mulheres acostumadas a vestir figurinos, a dar vida à outras personas sem perder a sua própria. Atrizes, dançarinas, mulheres do palco/vida de todo dia. Mulheres que sabem que a moda passa, repassa e ...volta a passar. Mas que a vida continua. Sempre.

Luiz Santana - estilista / figurinista

Comentários

  1. Anônimo1/8/06 18:29

    Boa Sorte Luiz! E O Vila sempre inovando! Viva o Vila! Axé

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  2. Anônimo2/8/06 13:52

    leticia você é linda! ou melhor maravilhosa, ou ainda melhor, se todo homem tivesse uma mulher como vc estaria feito!!!!!!!!!!!
    MEU DEUS O QUE É ISSO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Ela é linda demais! linda demais!!!
    eu sei que a reportagem fala sobre outra coisa, mas a Letícia é linda!!!!!!!!!!!!

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