A importância do Candomblé para manutenção
da vida do povo negro no Brasil
Um dos maiores patrimônios do povo negro no Brasil, é com certeza a sua cultura e a crença nas divindades africanas cultuadas no candomblé. Acredita-se sobretudo, que essas divindades foram e ainda são, os pilares da manutenção da vida desse povo no Brasil. É a cultura e a religião de matriz africana que sustenta e enraíza o homem/mulher negro(a), permitindo que sua identidade e ancestralidade permaneçam vivas e se perpetue. A riqueza contida nessa religião é tão plena que se eterniza por gerações, vence preconceitos, supera o racismo e se instala no âmago da sociedade com o poder de influenciar e redefinir conceitos. É tão forte que resiste a tudo e a todos e se mantém soberana.
Para exemplificar o que estamos dizendo, citemos como exemplo dois momentos da história da humanidade: a perseguição aos judeus e o extermínio do povo africano. Durante a segunda guerra milhares de judeus foram submetidos à humilhação, muitos foram queimados em fogueiras, jogados nos campos de concentração e outros desfiaram até a morte com sede, frio e fome. No entanto, foi possível observar que num curto período de tempo houve uma sensibilidade a nível mundial. Todos se comoveram e os países responsáveis pelas mazelas praticadas contra os judeus foram obrigados a reparar o erro e a pagar indenizações às famílias das vítimas. Hoje os judeus constituem um povo forte e possuidor de grande riqueza.
Voltando a história, analisemos agora o que aconteceu com o povo africano. Vários países da Europa invadiram a África, promoveram a guerra entre tribos, destruíram as matas, envenenaram os rios e escravizaram homens, mulheres e crianças. Muitos chefes de famílias africanos tiveram que assistir suas filhas serem estupradas pelos colonizadores brancos. Muitas mulheres grávidas preferiram a morte ao ver seus filhos se tornarem escravos.
O tempo passou e a situação não mudou muito para os negros. Não houve comoção por parte da sociedade mundial. Os países que promoveram a desgraça na África não foram punidos e a reparação não foi feita, pelo contrário, quando se instituiu a lei das cotas nas universidades para os negros, a sociedade foi levada a acreditar que cota é racismo ao contrário.
As estatísticas atestam que cerca de 40 milhões de negros foram seqüestrados do continente africano e trazidos para a América como escravos, muitos deles morreram nos navios negreiros durante a travessia do Oceano Atlântico.
A importância do candomblé para a manutenção da vida dos negros no Brasil
Todo homem e mulher negra têm o dever de reconhecer o importante papel que o candomblé desempenhou para a manutenção da vida dos negros no Brasil. Vejamos o porque. Existiu um período na história do povo negro chamado A grande noite. Esse período eram os seis meses de travessia da costa do continente africano ao litoral brasileiro. Nesse momento os negros africanos encontravam-se acorrentados e amontoados nos porões dos navios negreiros, dividindo espaço com cadáveres, fezes, urinas, placenta e vômitos. A dor de ter perdido os familiares era grande. Filhos separados dos pais, irmãos separados dos seus parentes. Nas senzalas a situação não era melhor, chibatadas nas costas durante todo o dia, além dos trabalhos pesados no campo, comida azeda e insuficiente. A noite dormiam em pé ou sentados por falta de espaço.
Nesses momentos de extremo sofrimento e dor, os sinos da Sagrada Igreja Católica não tocavam para os negros, os bispos e pastores não faziam correntes nem orações fortes, as Testemunhas de Jeová não batiam nas portas das senzalas para levar uma palavra de amor. Nesse momento de extremo sofrimento e solidão só os atabaques do candomblé e os orixás se faziam presentes naqueles espaços.
Era o conhecimento das folhas de Ossãe que curavam as doenças e cicatrizavam as feridas abertas com as chibatadas. Era o fogo de Xangô que aquecia o frio da gélida madrugada escura. Era a terra de Nanã que limpava a pele leprosa dos negros. Era a chuva de Oxumarê que enchia de água as cabaças penduradas nas árvores de Iroko.
Foram os atabaques que influenciaram as rebeliões. Eram os feitiços que aleijava os senhores de engenho. Foi nos terreiros de candomblé que a capoeira ganhou força e se manteve viva, pois sua prática era proibida.
Sendo assim, compreendemos que o candomblé tem um significado todo especial para o povo brasileiro e sua preservação é de fundamental importância para o equilíbrio da sociedade. Reparar o povo negro a partir do resgate de sua história e de sua crença deve ser um desafio de todos e um compromisso do estado, pois nenhuma nação se faz forte, sem um povo forte. Bem aventurada é a nação que se respeita e respeita o seu povo.
O candomblé é algo tão grande que não cabe na cabeça das pessoas pequenas. Sua simplicidadeBlocked image confunde os amantes das coisas complexas. É como o rio que sempre corre para o lado mais baixo do relevo. É como o fogo que procura sempre o mato mais seco para queimar. É como o peixe que explora todo o rio e depois nada contra a correnteza para tudo começar do início outra vez. O candomblé é a chave da porta e a fechadura para quem tem a chave. O candomblé sabe de onde veio, sabe onde está e sobre tudo, para onde vai. Tudo que acontece Olorum tem sob controle. A fé africana é muito antiga, por isso mesmo se mantém nova constatemente.
Edvaldo Fradique (Pai Kenu) - Babalorixá do Ilê Axé Opô Ajá Omim, localizado no bairro de Jambeiro, município de Lauro de Freitas / Bahia / Brasil.
da vida do povo negro no Brasil
Um dos maiores patrimônios do povo negro no Brasil, é com certeza a sua cultura e a crença nas divindades africanas cultuadas no candomblé. Acredita-se sobretudo, que essas divindades foram e ainda são, os pilares da manutenção da vida desse povo no Brasil. É a cultura e a religião de matriz africana que sustenta e enraíza o homem/mulher negro(a), permitindo que sua identidade e ancestralidade permaneçam vivas e se perpetue. A riqueza contida nessa religião é tão plena que se eterniza por gerações, vence preconceitos, supera o racismo e se instala no âmago da sociedade com o poder de influenciar e redefinir conceitos. É tão forte que resiste a tudo e a todos e se mantém soberana.
Para exemplificar o que estamos dizendo, citemos como exemplo dois momentos da história da humanidade: a perseguição aos judeus e o extermínio do povo africano. Durante a segunda guerra milhares de judeus foram submetidos à humilhação, muitos foram queimados em fogueiras, jogados nos campos de concentração e outros desfiaram até a morte com sede, frio e fome. No entanto, foi possível observar que num curto período de tempo houve uma sensibilidade a nível mundial. Todos se comoveram e os países responsáveis pelas mazelas praticadas contra os judeus foram obrigados a reparar o erro e a pagar indenizações às famílias das vítimas. Hoje os judeus constituem um povo forte e possuidor de grande riqueza.
Voltando a história, analisemos agora o que aconteceu com o povo africano. Vários países da Europa invadiram a África, promoveram a guerra entre tribos, destruíram as matas, envenenaram os rios e escravizaram homens, mulheres e crianças. Muitos chefes de famílias africanos tiveram que assistir suas filhas serem estupradas pelos colonizadores brancos. Muitas mulheres grávidas preferiram a morte ao ver seus filhos se tornarem escravos.
O tempo passou e a situação não mudou muito para os negros. Não houve comoção por parte da sociedade mundial. Os países que promoveram a desgraça na África não foram punidos e a reparação não foi feita, pelo contrário, quando se instituiu a lei das cotas nas universidades para os negros, a sociedade foi levada a acreditar que cota é racismo ao contrário.
As estatísticas atestam que cerca de 40 milhões de negros foram seqüestrados do continente africano e trazidos para a América como escravos, muitos deles morreram nos navios negreiros durante a travessia do Oceano Atlântico.
A importância do candomblé para a manutenção da vida dos negros no Brasil
Todo homem e mulher negra têm o dever de reconhecer o importante papel que o candomblé desempenhou para a manutenção da vida dos negros no Brasil. Vejamos o porque. Existiu um período na história do povo negro chamado A grande noite. Esse período eram os seis meses de travessia da costa do continente africano ao litoral brasileiro. Nesse momento os negros africanos encontravam-se acorrentados e amontoados nos porões dos navios negreiros, dividindo espaço com cadáveres, fezes, urinas, placenta e vômitos. A dor de ter perdido os familiares era grande. Filhos separados dos pais, irmãos separados dos seus parentes. Nas senzalas a situação não era melhor, chibatadas nas costas durante todo o dia, além dos trabalhos pesados no campo, comida azeda e insuficiente. A noite dormiam em pé ou sentados por falta de espaço.
Nesses momentos de extremo sofrimento e dor, os sinos da Sagrada Igreja Católica não tocavam para os negros, os bispos e pastores não faziam correntes nem orações fortes, as Testemunhas de Jeová não batiam nas portas das senzalas para levar uma palavra de amor. Nesse momento de extremo sofrimento e solidão só os atabaques do candomblé e os orixás se faziam presentes naqueles espaços.
Era o conhecimento das folhas de Ossãe que curavam as doenças e cicatrizavam as feridas abertas com as chibatadas. Era o fogo de Xangô que aquecia o frio da gélida madrugada escura. Era a terra de Nanã que limpava a pele leprosa dos negros. Era a chuva de Oxumarê que enchia de água as cabaças penduradas nas árvores de Iroko.
Foram os atabaques que influenciaram as rebeliões. Eram os feitiços que aleijava os senhores de engenho. Foi nos terreiros de candomblé que a capoeira ganhou força e se manteve viva, pois sua prática era proibida.
Sendo assim, compreendemos que o candomblé tem um significado todo especial para o povo brasileiro e sua preservação é de fundamental importância para o equilíbrio da sociedade. Reparar o povo negro a partir do resgate de sua história e de sua crença deve ser um desafio de todos e um compromisso do estado, pois nenhuma nação se faz forte, sem um povo forte. Bem aventurada é a nação que se respeita e respeita o seu povo.
O candomblé é algo tão grande que não cabe na cabeça das pessoas pequenas. Sua simplicidadeBlocked image confunde os amantes das coisas complexas. É como o rio que sempre corre para o lado mais baixo do relevo. É como o fogo que procura sempre o mato mais seco para queimar. É como o peixe que explora todo o rio e depois nada contra a correnteza para tudo começar do início outra vez. O candomblé é a chave da porta e a fechadura para quem tem a chave. O candomblé sabe de onde veio, sabe onde está e sobre tudo, para onde vai. Tudo que acontece Olorum tem sob controle. A fé africana é muito antiga, por isso mesmo se mantém nova constatemente.
Edvaldo Fradique (Pai Kenu) - Babalorixá do Ilê Axé Opô Ajá Omim, localizado no bairro de Jambeiro, município de Lauro de Freitas / Bahia / Brasil.
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