Crítica "Do outro lado do mar" por Arlon Souza
texto Arlon Souza*
fotos João Milet Meirelles
fotos João Milet Meirelles
Revivo aqui a experiência presencial do espetáculo Do Outro Lado do Mar, com encenação de Márcio Meirelles, texto da salvadorenha Jorgelina Cerritos e atuação de Andréa Elia e Edu Coutinho. Em cartaz no Teatro Vila Velha, sábados e domingos, 16h.
A peça nos apresenta um universo de personagens muito simples, cotidianas e atuais, como uma funcionária pública da prefeitura - cercada de questões, amarras culturais e entraves burocráticos - e um pescador que sequer sabe o seu próprio nome. E a partir daí muitos enlaces e desenlaces filosóficos, existenciais e humanistas...
O Teatro, que tem como essência a presença, a relação viva com o público e a dinâmica da cena - que é sempre muito peculiar e distinta a cada sessão - encontra em Do Outro Lado do Mar vasta correspondência; tanto pela atuação quanto pela encenação.
É perceptível como o entrosamento entre os artistas se traduz em química no palco. Andréa Elia e Edu Coutinho parecem que nasceram para contracenar juntos. Há um jogo cênico muito bem equacionado e equilibrado na forma como ambos imprimem o tom, o ritmo e a musicalidade da interpretação. É tudo bem modulado.
É um casamento bonito de se ver; com uma variável de nuances que nos envolve, nos emociona e nos transporta para um universo ficcional que nos põem no mesmo barco, a navegar juntos por uma história de desbravamento de quem somos nós e de quem é o outro; do porque é que temos a oportunidade da travessia e do mergulho na vida, mas adiamos, protelamos; do porque é que muitos vivem ilhados, construindo suas próprias prisões, mesmo estando o barco, o mar, o leme, o remo, lá, ao seu alcance.
*Arlon Souza é ator e jornalista
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