UNIVERSIDADE LIVRE DE TEATRO VILA VELHA - Alegria é resistência ou Quando a a rua vira palco - Por: Carolina Lira
Foto: Ananda Brasileiro
O dia era quinze de maio de
dois mil e dezenove. Diversas manifestações aconteciam em muitas cidades do
país. Eram estudantes, professores, artistas e tantas outras pessoas lutando
contra os cortes na educação. Estávamos lá. Levamos nossos corpos, nossas vozes,
alfaias, tamborins e caxixis.
Cantando “Proibido o
carnaval”, composição de Daniela Mercury gravaria em parceria com Caetano
Veloso, saímos desfilando alegria até a concentração no Campo Grande. Foi ali
que a praça virou palco e tivemos nossa primeira experiência juntos com o
teatro de rua. Enquanto cantávamos e dançávamos, as pessoas ao nosso redor
interagiam com a gente, ora cantando e dançando junto, ora filmando e
aplaudindo. A voz de Miguel ecoava na minha cabeça quando ele nos dizia na sala
de ensaio: “façam pra fora!”
Estava tudo ali. Estava
realmente acontecendo e funcionava! Uma senhora se colocou no centro quando foi
pedido que alguém se voluntariasse para participar de uma das cenas. Era a cena
do assassinato do estudante Edson Luís, que foi morto por policiais militares
no restaurante estudantil “Calabouço” no centro do Rio de Janeiro. Tivemos que
nos reorganizar rapidamente para fazer a cena com ela. É um precioso
treinamento para uma atriz fazer teatro de rua.
Seguimos até a Praça Castro Alves.
Levamos nossa alegria escancarada para desfilar na Avenida. Nos querem tristes
e apáticos. Devolveremos com sorrisos largos e mãos dadas. Sambamos debaixo de
sol e chuva. No caminho: Chica, Márcio e um encontro catártico com a Dani que
trabalhou com a gente a parte teórica no processo de construção para nosso
resultado final do Kcena, cujo título é “Ensaio para a democracia”.
Mais do que nunca agora
sabemos: alegria é resistência. A arte resiste. A cultura resiste. A educação
resiste e sabemos que iremos de mãos dadas, debaixo de chuva, debaixo do sol
quente, sambando e cantando ao som dos tamborins.
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