Opinião de quem viu
Quem caiu no 1º de abril?
Ao contrário do que diz a tão conhecida brincadeira "1º de abril, passou você não viu", esta data não passou despercebida para muitos brasileiros, bem como os dias que se sucederam até o ano de 1985.Tanto que intitula o musical que teve sua estréia em 2004, 40 após o fatídico Golpe Militar que "pregou uma peça" na população brasileira. Em cartaz no Teatro Vila Velha, que comemorou o seu quadragésimo aniversário também no ano passado, "Primeiro de Abril" é encenado pelos grupos residentes do Vila, o Vilavox e a Cia Teatro dos Novos,tem a direção geral de Gordo Neto, direção musical de Jarbas Bittencourt e o seu texto é fruto de uma criação conjunta dos diretores e atores, baseado em pesquisas na internet, livros, jornais, palestras, dentre outros.
A peça traz uma visão panorâmica que pontua alguns dos principais acontecimentos do que ficou denominado (por irônico que pareça) de Revolução de 64. No que toca a política, retratou-se desde os momentos antecessores ao golpe, como a deposição de Jango do poder até os Atos Institucionais. Em se tratando de manifestações, foi citada a Marcha pela Família Com Deus pela Liberdade",financiada com o dinheiro americano,de caráter moralizante e burguês. Ademais, os momentos que mais impressionaram foram as torturas e o assassinato de um jovem estudante, que simbolizou aqueles "amigos presos, sumidos para nunca mais", como Vladimir Herzog e Carlos Marighella,manchando de vermelho (não o do comunismo) mas de sangue o lamentável período da história do Brasil. O governo ditatorial não foi um "privilégio" só nosso:outros países adotaram-no nas mais diversas e cruéis formas,como a Argentina, o Chile,o Peru e o Uruguai. No campo das artes, sentiu-se falta de um enfoque maior na música brasileira, fortemente ligada à luta pela liberdade de expressão e duramente censurada, entretanto se fizeram presentes alguns áudios daquela época, como músicas, discursos políticos e jingles, estes últimos intercalados aos AIs, dando a idéia de "entorpecimento" das camadas populares.
É mister elogiar a atuação do elenco, que prima por saber fundir teatro, música e dança como poucos, com destaques para algumas vozes individuais.O rock afinou-se perfeitamente com o espírito efervescente e explosivo proposto pelo espetáculo e que lembra a geração jovem da época, inconformada com os rumos que o País estava tomando e a presença da banda no palco é mais um elemento de destaque, o que aliás, já é marca registrada das produções do Vila. Outro componente de cena que chama a atenção é um cilindro contendo água, no qual um ator se lança a cada ato, toda vez que seu corpo amolece no sono profundo. A mensagem final se refere justamente à capacidade de sonhar, no entanto, aconselha-se fazê-lo com o "corpo rígido".
A despeito da seriedade do tema e de algumas seqüências dramáticas, "Primeiro de Abril" aborda o assunto de forma irreverente, recorrendo a várias alegorias e apostando na criatividade.O espetáculo encerrou sua segunda temporada em 2005 atraindo um público de 4.100 pessoas, composto em grande parte por estudantes.
Para os que ainda não assistiram, o grupo está fazendo sessões fechadas para escolas e faculdades, seguidas de debate.
Quem caiu no 1º de abril?
Ao contrário do que diz a tão conhecida brincadeira "1º de abril, passou você não viu", esta data não passou despercebida para muitos brasileiros, bem como os dias que se sucederam até o ano de 1985.Tanto que intitula o musical que teve sua estréia em 2004, 40 após o fatídico Golpe Militar que "pregou uma peça" na população brasileira. Em cartaz no Teatro Vila Velha, que comemorou o seu quadragésimo aniversário também no ano passado, "Primeiro de Abril" é encenado pelos grupos residentes do Vila, o Vilavox e a Cia Teatro dos Novos,tem a direção geral de Gordo Neto, direção musical de Jarbas Bittencourt e o seu texto é fruto de uma criação conjunta dos diretores e atores, baseado em pesquisas na internet, livros, jornais, palestras, dentre outros.
A peça traz uma visão panorâmica que pontua alguns dos principais acontecimentos do que ficou denominado (por irônico que pareça) de Revolução de 64. No que toca a política, retratou-se desde os momentos antecessores ao golpe, como a deposição de Jango do poder até os Atos Institucionais. Em se tratando de manifestações, foi citada a Marcha pela Família Com Deus pela Liberdade",financiada com o dinheiro americano,de caráter moralizante e burguês. Ademais, os momentos que mais impressionaram foram as torturas e o assassinato de um jovem estudante, que simbolizou aqueles "amigos presos, sumidos para nunca mais", como Vladimir Herzog e Carlos Marighella,manchando de vermelho (não o do comunismo) mas de sangue o lamentável período da história do Brasil. O governo ditatorial não foi um "privilégio" só nosso:outros países adotaram-no nas mais diversas e cruéis formas,como a Argentina, o Chile,o Peru e o Uruguai. No campo das artes, sentiu-se falta de um enfoque maior na música brasileira, fortemente ligada à luta pela liberdade de expressão e duramente censurada, entretanto se fizeram presentes alguns áudios daquela época, como músicas, discursos políticos e jingles, estes últimos intercalados aos AIs, dando a idéia de "entorpecimento" das camadas populares.
É mister elogiar a atuação do elenco, que prima por saber fundir teatro, música e dança como poucos, com destaques para algumas vozes individuais.O rock afinou-se perfeitamente com o espírito efervescente e explosivo proposto pelo espetáculo e que lembra a geração jovem da época, inconformada com os rumos que o País estava tomando e a presença da banda no palco é mais um elemento de destaque, o que aliás, já é marca registrada das produções do Vila. Outro componente de cena que chama a atenção é um cilindro contendo água, no qual um ator se lança a cada ato, toda vez que seu corpo amolece no sono profundo. A mensagem final se refere justamente à capacidade de sonhar, no entanto, aconselha-se fazê-lo com o "corpo rígido".
A despeito da seriedade do tema e de algumas seqüências dramáticas, "Primeiro de Abril" aborda o assunto de forma irreverente, recorrendo a várias alegorias e apostando na criatividade.O espetáculo encerrou sua segunda temporada em 2005 atraindo um público de 4.100 pessoas, composto em grande parte por estudantes.
Para os que ainda não assistiram, o grupo está fazendo sessões fechadas para escolas e faculdades, seguidas de debate.
Paloma Ayres
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