PROCESSO MARIGHELLA
Para contar a história de uma existência sem tempo para ter medo



Na última segunda-feira, 28 de março, o Bando de Teatro Olodum, com apoio da família Marighella, do escritor e jornalista Emiliano José e da Eurofort Comunicação, deu a largada definitiva no Processo Marighella. No primeiro evento oficial da série de atividades que, ao longo do ano, farão parte do `processo', tivemos uma apresentação do Bando, seguida de palestras de Carlos Augusto Marighella e de Emiliano José, finalizando num debate com público.

Vestidos com camisetas que estampavam o rosto do revolucionário, com calças, saias e botas pretas, os atores fizeram a leitura dramática do texto Chamamento ao Povo Brasileiro, escrito por Marighella em 1968. Nesta mensagem, direcionada ao homem comum da cidade e do campo, a firme denúncia contra a desigualdade social e a convocação à luta contra essa ordem. Na apresentação do Bando, a prosa revolucionária intercalada pelo poema Liberdade Liberdade, também de Marighella, recentemente musicado por Jarbas Bittencourt.

Carlinhos Marighella contou um pouco da vida do pai, uma pessoa desde cedo e intimamente fiel à sua postura política. Sem demagogia, Marighella vivenciava seu discurso igualitário - comunista na mais genuína conotação do termo - dentro de casa, nas ruas, no Partido. Era um homem empenhado na luta pela justiça social e procurava caminhos para reunir aliados no projeto coletivo no qual acreditava. Perseguido, privado de seus direitos políticos e cidadãos, agiu tenazmente até o fim dos seus dias.

Abrindo sua fala com a leitura do poema de Capinan, Vai, Carlos, ser Marighella na Vida, o jornalista Emiliano José se ateve à trajetória política revolucionária de Marighella, que culminou em seu assassinato, em 1969. Emiliano procurou detalhar seu envolvimento com o Partido Comunista, desde o princípio da carreira política, na década de 30, até suas divergências por causa da luta armada e o conseqüente rompimento. O jornalista, que também passou pelas mãos cruéis dos militares, falou sobre a perseguição da ditadura e da maneira corajosa como Marighella enfrentou o regime.



Ao final das exposições, o público - principalmente o jovem - manifestou curiosidade pelo personagem-título do Processo. Ao opinarem sobre o projeto e o espetáculo, as pessoas falaram da importância de se tornar mais conhecida uma referência histórica positiva para o povo brasileiro e a preocupação em conhecê-la sem mitificação. Marcio Meirelles, coordenador do processo e diretor do espetáculo que estreará em novembro, participou diretamente do debate e pretende manter aberto este canal com o público, a fim de levantar essas idéias e discussões.


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