recebemos este e-mail e queremos partilhar a opinião do amigo, que veio assistir nosso CABARÉ DA RRRRRAÇA.

"Ao Grupo Bando de Teatro Oludum e ao diretor Marcio Meirelles.

(...)
Assisti no Teatro Vila Velha a peça Cabaré da Rrrrraça e fiquei com uma
opnião presa na garganta.
Eu fiquei com muita vontade de ir ao evento pós peça para conversarmos,
opção essa oferecida pelo Grupo, mas não deu. Uma colega que estava junto
estava muito cansada e pediu para voltarmos para o hotel.

Bom, a peça é super bem montada. Iluminação, som, coreografia, performance
de palco, tudo super bonito e muito bem elaborado.
Isso sem contar na atuação da galera que foi show de bola.
O tema (que é o que me traz "à baila", como diríamos aqui no Sul) é que acho
que foi posto de forma equivocada, ou infelizmente eu posso não ter
"captado" a mensagem da forma correta.

Eu achei que o Grupo colocou o racismo de uma forma muito "segregadora".
Acho que os valores cultuados na peça são de um Brasil que tá ficando pra
trás, ou de alguns lugares que ainda existe um pouco desse resquício. Porque
digo isso? No Brasil existe uma série de racismos "reais". Nível financeiro,
lugar que mora, condição física, religião, etc..e o que acho que está cada
vez menos forte a cada dia é a questão das cores.
Ora, nós somos um País "misturado". Essa é a nossa identidade. Essa é a
nossa feliz realidade!
Aqui no Sul nós temos loiros, negros, índios, guaranis, etc..e tudo é uma
sociedade só.
Evidentemente já ouvi coisas do tipo "esse negrão", "coisa de crioulo",
etc..Assim como já ouvi também "alemão batata", "gordo", "japa", etc...Mas
acho que isso é mais uma referência do que um preconceito.
Claro que aqui também existem alguns lugares (e algumas pessoas) que ainda
tem essa coisa do "sou mais do que ele" quando o assunto é cor. Mas isso ta
ficando vez mais pra trás, cada vez mais ultrapassada.
Principalmente em relação ao negro, que todo mundo espera qualquer solzinho
pra buscar uma corzinha mais acentuada.

Bom, se essa tendência não for uma coisa meio óbvia, o que me chocou foi que
a posição do Grupo pareceu meio contramão das coisas (claro, em relação a
essa peça). Ou seja, enquanto a gente vê um País lutando para que a
igualdade fique mais evidenciada, o Grupo Bando do Teatro Oludum pareceu
buscar uma nova situação. Uma espécie de "revanchismo", ou de racismo negro.
(Desculpem qualquer termo ou frase que possa parecer agressiva. Não é o
objetivo do meu email).
Juro que fiquei com a impressão de estar vendo um Grupo buscando uma espécie
de ordem racial aonde o negro superasse ao branco. (!?!?!?!).

Gente, se esse for o objetivo, fiquei um pouco desapontado. Acho que esse
caminho nos traria um retrocesso a níveis existentes nem nos EUA, aonde acho
um dos lugares que o racismo fica mais saliente.
Inclusive quero fazer uma referência ao folder do Grupo que diz "grupo negro
de teatro". O que aconteceria se fosse um "grupo branco de teatro"? Tava
armado o barraco!
Já vi algumas camisetas com dizerem "100% negro", mas aí não tem a ver com a
peça em si mas com o tema. Imaginem uma camiseta dizendo "100%
branco".....isso até crime inafiançável é.....

Mas se entendi errado, então fico contente, e continuo fazendo a minha parte
para essa País 100% brasileiro, independente da raça que predomine na origem
de cada brasileiro.

A propósito, tenho pele branca e olhos verdes (segundo consta no meu
alistamento militar), mas sou bisneto de escravo e qualquer solzinho me
deixa negrão (como é o meu apelido entre os amigos quando estamos no verão),
coisas da minha mãe que é mulata com meu pai que puxa um "branquelo" (será
que estou sendo racista com meu pai chamando ele de "branquelo" ?..risos).

Bom pessoal, de qualquer forma, um abraço a todos e obrigado pelo espaço de
expressão.
E como vocês dizem, Muito Axé para todos nós !!"

fica aí uma opinião...

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